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Embalado pelo noticiário, Beronha só tem um assunto, a Copa das Confederações. E arrisca um palpite:
– Estaremos na final. E contra o Uruguai.
Estranhando o comportamento de nosso anti-herói de plantão, professor Afronsius e Natureza Morta acabaram descobrindo o motivo. A Copa de 1950.
– A fatídica Copa de 50 em pleno Maracã. 2 a 1, depois de abrir o placar – acrescentou o professor Afronsius. É que ele, Beronha, depois de ouvir muitos comentários durante a juventude, acabou radicalizando: leu um livro, do começo ao fim. Anatomia de Uma Derrota, de Paulo Perdigão, L&PM Editores, 1986.

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Coisa do passado

Na tentativa de contemporizar, a dupla insistiu que os tempos são outros, o próprio futebol mudou, e isso dos esquemas táticos até os contratos e patrocínios milionários, com a expropriação do esporte por empresas de todos os tipos – objetivos e propósitos. Basta ver que, além do troféu, o vencedor da Copa 2013 vai embolsar 4,1 milhões de dólares. E cada seleção eliminada terá um prêmio de consolação de 1,7 milhões de dólares.

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De volta às páginas

Em todo caso, e de volta à tragédia de 50, pinçaram do livro algumas passagens, começando pela exclamação de um torcedor, no Maracanã:
– Isso é uma mentira! Estamos sonhando!
– Apenas três pessoas, com um único gesto, calaram o Maracanã com 200 mil pessoas: Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e eu. (Alcides Edgardo Ghiggia, autor do gol da vitória do Uruguai)
– Tragédia grega no Terceiro Mundo, uma derrota cuja importância para os brasileiros foi infinitamente maior do que o peso da correspondente vitória para os uruguaios, o 16 de julho de 1950 provocou uma comoção nacional poucas vezes verificada na vida contemporânea do país, comparável à do suicídio de Vargas ou à agonia de Tancredo Neves, iniciada no dia de sua posse. Como toda a tragédia, ela se teceu com o fatalismo e a eternidade – sua história parece conduzida por um destino ubíquo e prefixado -, e permanecerá aquilo que é até o final dos tempos… (Comentário de Paulo Perdigão)
Encerrando, Natureza recomendou:
– Não vamos sofrer por antecipação, porém. Até porque é preciso, primeiro, chegar à final. Nós e eles. Nós, aliás, ainda não nos encontramos em campo. E, de qualquer modo, até o visual do Maracanã mudou.

ENQUANTO ISSO…