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A Copa, sociologicamente

Há quem continue discutindo a realização da Copa do Mundo no Brasil. Muitos prós e contras. Mas, cá entre nós, o que pensa, ou pensava, a turma da sociologia sobre a pátria de chuteiras, anos atrás? É uma (re)visão mais do que interessante, até pelo “imaginário de construção da identidade nacional”. A partir de um cenário que poderia (e pode) simbolizar uma mudança em diversas dimensões sociais, políticas e econômicas do país, o jeito é aguardar a bola rolar.

País em construção

Saiu na edição 42, de 2010, da revista Sociologia Ciência & Vida, sob o título Copa do Mundo 2014: o duplo desafio brasileiro, texto assinado por Adriane Nopes, mestre em Sociologia Política pela UFSC/Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em História Social pela UDESC/Universidade do Estado de Santa Catarina e professora licenciada pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, nos cursos de Direito e Comunicação.

Ensina ela que, na primeira Copa do Mundo sediada pelo Brasil, em 1950, “o país ainda estava em construção, ou seja, as exigências em infraestrutura eram menores, e os ideais da modernização ainda se delineavam até mesmo no âmbito mundial. Entretanto, hodiernamente, sediar a Copa do Mundo de 2014 para o Brasil significa demonstrar a superação da condição histórica do processo de expropriação, da condição de ex-colônia e de país ‘subdesenvolvido’, e revelar-se um país moderno”.

Necessidade de superação

Mais: “O grande desafio será modernizar o país seguindo os padrões exigidos pelo modelo hegemônico para sediar o maior evento esportivo mundial. O processo modernizador exige remodelação dos estádios, modernização de instalações, equipamentos e serviços; principalmente no que se refere à segurança e ao sistema de transporte terrestre e aéreo. Em última instância, esse cenário poderá simbolizar uma mudança em diversas dimensões sociais, políticas e econômicas do país, bem como no próprio imaginário de construção da identidade nacional”.

Após ponderar que “o Brasil traz no âmago de sua história a necessidade da superação dos longos anos de exploração e estagnação política e socioeconômica, pois até o final do século XIX havia total dependência da coroa portuguesa, foi somente no início do século XX que surgiram os primeiros projetos de modernização do país. No entanto, a adoção da perspectiva hegemônica ditada por Europa e Estados Unidos como ponto de partida sempre representa um impasse para a consolidação dos países colonizados”.

Conjunto de processos

E cita Habermas (2002): modernização significa “um conjunto de processos cumulativos e de reforço mútuo” no sentido de formação de capital e mobilização de recursos, de desenvolvimento e aumento da produtividade do trabalho, de formação de identidades nacionais, bem como da “expansão dos direitos de participação política”.

Encerrando o texto, afirma: “Como impulso para esse conjunto de processos, aparece o mercado mundial capitalista, ‘drasticamente flutuante, em permanente expansão’. Resumindo, o imaginário ideológico de ‘desenvolvimento’ aparece como um movimento planetário de racionalização, urbanização, democratização, tecnologia e expansão do capitalismo”.

ENQUANTO ISSO…

9 marco (3)

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