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À espera da sorte
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Ao experimentar um biscoito da sorte, Beronha ia reclamar do recheio – “tem papel no meio” – quando Natureza Morta tratou de explicar do que se tratava. Depois, mais calmo, examinou a tirinha, pediu licença e se mandou. No dia seguinte, justificou a súbita debandada:
– Fui fazer uma fezinha, mas na Mega-Sena. O bolinho embrulhado por dentro eu recebi, mas a sorte não veio junto.
De fato. Não acertou nenhum dos números sorteados. Restou um consolo. A mensagem dizia: “Você tem uma mente ativa e uma imaginação fértil”.
Tanto que pretende, a partir de agora, comprar só o papelzinho.

Antes, o Bolo da Lua

Nosso anti-herói de plantão quis saber do solitário da Vila Piroquinha qual a origem do biscoito da sorte. Ele acionou a seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, e relatou que a história começou há 800 anos, com o guerreiro mongol Genghis Khan, que estendeu seu império por toda a Ásia e dominou parte da China.
– Sujeitinho porreta – comentou Beronha.
Com o tempo, o império começou a ruir e os chineses reagiram. Perto da vitória, traçaram uma estratégia para o ataque final. O problema: como passar o plano aos grupos rebeldes espalhados pelo vasto território, mantendo segredo absoluto?
Na época havia um doce, o Bolo da Lua, que os mongóis simplesmente detestavam. Inteligentemente, os chineses passaram a colocar as ordens de batalha dentro desses bolos, que eram enviados aos líderes da revolta, que triunfou. A China recuperou sua autonomia e, a partir de então, para comemorar a vitória, a população passou a trocar votos de felicitação.
– O biscoito virou uma espécie de pombo correio e as mensagens ganharam novo rumo e sentido – completou Natureza, acrescentando que, ao contrário dos mongóis de Genghis Khan, os chineses conquistaram quase todo o mundo. Pelo estômago e pela filosofia dos pensamentos.
Beronha ficou satisfeito, mas insistiu que, até agora, só tem tirado proveito da massa do bolinho.

ENQUANTO ISSO…


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