Marinheiro de primeira viagem, o cabôco, brasileiro de Curitiba, levou um baita susto. Caminhando tranquilamente por uma rua de Londres, notou que uma senhora, toda faceira, retocava a maquiagem dentro do carro. Refestelada no banco da frente. Mas do lado esquerdo!
– Xi! Mesmo em plena contramão, a doida varrida ainda por cima largou o volante! Vai provocar uma catástre!
Segundos depois, refeito do susto, tratou de se recompor. Afinal, lembrou, aqui vigora a tal mão inglesa e a direção, ou guidão, fica do lado direito.
Batalhas do dia a dia
Segundo a incansável e nem sempre alerta Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, no período medieval a circulação (a cavalo) se dava pela esquerda. Para o cavaleiro, deixar a mão direita livre era fundamental. Caso fosse obrigado a se defender, empunhava a espada. A maioria, por supuesto, era destra.
Lá pelo ano 1300, por ordem do Papa Bonifácio VIII, quem se dirigia a Roma tinha de se manter do lado esquerdo da estrada, para não embaralhar o vaivém de peregrinos. O sistema vigorou até o século XVIII, quando o imperador Napoleão resolveu inverter as coisas, supostamente por ser canhoto. Marchando pela direita ficaria mais fácil a identificação de tropas que se aproximavam. Poderiam ser do inimigo.
Assim, as regiões dominadas pela França se enquadraram ao novo modelo de tráfego, enquanto o império britânico permanecia fiel ao sistema medieval. Mesmo hoje, ex-colônias britânicas, caso da Índia, África do Sul e Nova Zelândia, também dirigem pela mão esquerda. O Japão, por sua vez, foi convencido a optar pela esquerda depois da visita de um certo ministro inglês, em 1859.
Na sequência, os Estados Unidos adotaram o lado direito. E, com todo o poder da florescente indústria automobilística, tocaram em frente. Basta ver o caso da Fordlândia, na Amazônia, para garantir a borracha dos pneus.
Ainda no Brasil, em pequenos trechos, várias cidades utilizam hoje a mão inglesa, mas, com o trânsito marchando acelerado para o caos total, fica cada vez mais difícil saber quando você está dirigindo certo ou errado.
Beronha, por exemplo, o nosso anti-herói de plantão, além de uma extensa lista de multas no trânsito, coleciona pelo menos 10 aplicadas por infrações em ambiente privado, dentro do condomínio.
ENQUANTO ISSO…
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