Retomando a conversa de ontem, Natureza Morta recorreu ao escritor Otto Lara Resende – “O Retrato na Gaveta”, 1962, e “O Braço Direito”, 1963, disponíveis na biblioteca da mansão da Vila Piroquinha. Otto era também um grande frasista. É dele a que se segue:
– A crase não foi feita para humilhar ninguém.
Ou seja, este é o país dos doutores, mas, como a crase, o diploma não foi inventando para humilhar ninguém. O diploma, o cargo, o poder, a posição social, o dinheiro.
Faltou o taquígrafo
Ainda de Otto: segundo Nelson Rodrigues, a grande obra de Otto Lara Resende era a conversa. “Deviam pôr um taquígrafo atrás dele e vender suas anotações em uma loja de frases”, segundo o dramaturgo.
Otto, por sua, vez preferia se apresentar como jornalista:
– Sou um especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada.
E o metrô, quando chega?
A construção do metrô em Curitiba voltou a ser assunto até em boteco de bairro onde a turma, referindo-se ao precário transporte coletivo, ainda diz que vai pegar “o cipó das 10” ou esperar o “cipó das 11”. Beronha quis saber há quanto tempo existe o metrô de São Paulo. Natureza consultou seus alfarrábios: 37 anos.
– Mas é bem posterior ao de Buenos Aires, o primeiro da América Latina, inaugurado em 1913 – acrescentou.
Acrescentou e não resistiu, citando uma declaração que diz tudo e mostra o descompasso de certas coisas no Brasil em relação ao mundo exterior.
Apesar das quase 4 décadas, em São Paulo o Metrô possui apenas 74,3 km para atender uma população de 11.253.503 de habitantes. E cresce a um ritmo inferior a 2 km/ano. Quando chega a isso. Quando começou a circular, São Paulo tinha 6 milhões de habitantes.
A informação é do sindicalista Eduardo Pacheco, diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), que, aliás, não deixou por menos:
– Estamos construindo uma solução para o passado.
Em homenagem a Otto Lara Resende, Natureza decidiu instituir e conferir o troféu Frase da Semana para o sindicalista.
ENQUANTO ISSO…