Turismo rural não é apenas “garrar o mato”, como diz Beronha, curtir a natureza, andar a cavalo, comer um bom churrasco e ficar ouvindo o canto dos passarinhos. Há muito mais coisas, também positivas, e não apenas para o hóspede.
Sobre o chamado TR, o escritor e historiador Carlos Solera, ex-presidente executivo da Associação Brasileira de Turismo Rural (ABRATURR-NA), tem muito a dizer sobre este segmento econômico.
Início em Santa Catarina
Em recente artigo, conta que se trata de uma atividade bem recente no país. Teve início, oficialmente, em 1986, na região de Lages, com a entrada em funcionamento das primeiras quatro fazendas voltadas ao turismo.
E, até hoje, é fundamental a parceria com o Sebrae.
“Em 1994, quando foi fundada a Associação Brasileira de Turismo Rural (ABRATURR), já se identificavam cerca de 400 empreendimentos de TR no Brasil. Diversas temáticas passaram a se desenvolver no campo, entre elas, o agroturismo, atividade iniciada na região serrana do Espírito Santo. Hoje, 24 anos depois, o número de empreendimentos envolvidos de alguma forma com o Turismo Rural já atinge por volta de 15 mil propriedades rurais e o setor é o que mais cresce dentro do turismo brasileiro, com uma média de 18 a 20% ao ano”.
Fantasias da vida urbana
Com a palavra, Solera:
– Na atualidade, vivemos o 4.º ciclo do TR, quando se dá agora “um intenso retorno” ao meio rural de muitos daqueles que deixaram o campo, atraídos pelas “fantasias” da vida urbana. Estes, que acabaram em sua grande maioria conhecendo momentos de muitas dificuldades e até de sobrevivência, começaram a compor um grupo social que denominei como “Os Sem” – sem moradia, sem alimentação, sem saúde, sem emprego, sem esperanças e muito fortemente, sem história.
Vontade política
Ainda com a palavra, Solera destaca:
– Falando com o respaldo de mais de 15 mil proprietários rurais do Brasil e um imenso rol de trabalhadores e colaboradores do setor, entendemos que o primeiro e fundamental passo para este “avanço” no Turismo Rural brasileiro necessitará e deverá partir da vontade política representada pela ação parlamentar do Congresso.
– Quanto à comercialização do “produto turístico da atividade”, em grande parte há ainda um desconhecimento duplo da atividade TR, tanto dentro da fonte comercializadora, como as agências e operadoras, quanto na fonte produtora, representadas pelas fazendas de TR.
– Na continuidade do trabalho dos diletos companheiros que nos sucedem na luta pela consolidação da atividade Turismo Rural, acredito que isso em breve será uma realidade, dando ao segmento do turismo rural brasileiro as condições necessárias para ser um dos maiores destinos turísticos rurais do mundo.
ENQUANTO ISSO…