Vira e mexe – tanto faz páginas de jornal, livro, revista ou gibi -, volta a discussão: o jornal papel vai acabar? Carregando um Himalaia de preocupação, o professor Afronsius, vizinho de cerca viva, procurou Natureza Morta, que tem opinião formada a respeito, mas, antes, preferiu voltar no tempo. Afinal, a questão não é de hoje, pelo contrário. Foi ao anexo 2 da biblioteca da mansão da Vila Piroquinha.
Sobraçando Encontros com Homens, Livros e Países, tomo X das obras completas de Stefan Zweig, editora Delta, 1953, retomou a conversa. No texto O livro como entrada para o mundo, ensina que “todo o movimento na terra baseia-se essencialmente em duas invenções do espírito humano: o movimento no espaço pelo descobrimento da roda rolante em torno de seu eixo, e o movimento espiritual pelo descobrimento da escrita”.
A técnica com a palavra?
Mais adiante, Zweig toca no ponto (ainda) em questão. “O tempo do livro está terminado, dizem; a técnica tem agora a palavra: o gramofone, o cinematógrafo, o rádio, como aperfeiçoamento e cômodos transmissores da palavra e do pensamento, começaram já a desalojar o livro, cuja missão cultural histórica logo pertencerá ao passado”.
E espinafra: “Mas, quão restritamente é isso visto, quão mesquinhamente pensado!”
Para ele, “quem conhece o valor do escrito, do impresso, do transmissor espiritual da língua, quer em um só livro, quer em sua completa existência, ri, compadecido, da pusilanimidade que se apodera hoje de tantos e tantos inteligentes”.
Há claridade igual?
Prossegue Zweig: “Nenhuma fonte de luz elétrica conseguiu dar tanta claridade como a que se evola de muitos pequenos volumes; ainda nenhuma corrente artificial de força é comparável àquela que enche a alma ao contacto com a palavra impressa”.
“Por toda parte, não somente em nossa própria vida, o livro é o Alfa e o Ômega de todo o saber e o começo de cada ciência. (…) O leitor, graças ao seu auxílio magnífico, vê e penetra o mundo não só com os próprios olhos, mas também com o olhar da alma”.
O professor Afronsius concordou. Fez, porém, uma observação pertinente: o jornal impresso e o livro não vão desaparecer, de fato, mas correm o risco de virar fogão a lenha ou alfaiate.
– Existem. Mas está cada vez mais difícil de encontrar
ENQUANTO ISSO…
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