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Aguardem: Nobel canino

Morro e não vejo tudo. O comentário, em tom de espanto, é antigo, dos bons tempos do avô de Natureza Morta, seu Barroco da Silva Abstrato. Ele, inclusive, teria exclamado “eu morro e não vejo tudo” quando deparou-se, na praia de Copacabana, com um negócio chamado biquíni. Na verdade, três biquínis. Em frente ao Copacabana Palace, beldades argentinas faziam o footing. Isso em 1948, em plena tarde. Causaram furor.
– Como se vê, não é de hoje – muito menos por culpa do Messi – que somos esnobados pelos nossos diletos vizinhos – comentou o professor Afronsius junto à cerca viva, no papo matinal com o solitário da Vila Piroquinha.
– Somos esnobados e saímos atrás – completou Natureza.

Impactos impactantes

Voltando às “novas e novíssimas novidades”, como prefere o Beronha, e a coisas que (ainda) causam espanto. Mesmo na era das baladas e outros expedientes impactantes. O “morro e não vejo tudo” continua plenamente válido e procedente diante do coquetel de futilidades.
Vejam só: o professor Afronsius contou ter lido uma notícia, com destaque, que o desconcertou: “Dálmata surpreende Copa do Mundo Canina”. Embora para ele tenha sido uma descoberta – Copa do Mundo de cachorros -, o concurso existe há 136 anos, reunindo “os melhores e mais pomposos cães dos Estados Unidos”, no Westminster Kennel Club Dog Show.
Tal disputa (e essa é capaz de derrubar o próprio Flávio Stege Júnior, fã de carteirinha e catedrático em beisebol e futebol americano) é “um evento mais tradicional do que a grande maioria das competições esportivas dos EUA”.
Já o triunfo de um dálmata virou notícia planetária porque a popular raça canina “dificilmente vai bem em competições do tipo”. Mesmo depois de um século de desfiles.
Beronha, que sempre pega o bonde andando, e agora até porque pipocou a greve dos ônibus em Curitiba, não perdeu a oportunidade:
– Logo logo teremos o Prêmio Nobel para cães. O reconhecimento pelas notáveis contribuições caninas para o aprimoramento da humanidade.
Natureza e Afronsius foram forçados a concordar com o nosso anti-herói de plantão.
E há quem jure que latiram e saíram abanando o rabo. Rabo? Cauda é mais apropriado em respeito ao caneardo.
– Caneardo?
– É, depois do patriarcado e matriarcado…
Parece que impactar é imperioso.

ENQUANTO ISSO…


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