Sem querer, já que, como diz, “vou lá para fazer outra coisa”, Beronha ficou duplamente espantado com as notícias. Só tragédias. Quem mandou ficar postado diante da televisão, no bar VIP da Vila Piroquinha?
Ainda abalado, não pelo que teve de consumir pela boca, mas pelos ouvidos, procurou Natureza Morta. Pediu ajuda.
– Mas você disse que ficou duplamente espantado…
– Sim, duas vezes. Espantado pelas tragédias e espantado pela constante aparição de especialistas em gerenciamento de risco. Que diacho é isso, que gol que eles fizeram?
Uma noção diversa
Do alto do seu Himalaia de paciência, o solitário da Vila Piroquinha tentou explicar que especialistas em gerenciamento de risco são pessoas responsáveis pela criação de modelos e cenários “onde são analisadas questões de sinistros sob os aspectos legais e de riscos para a população”.
– Continuo boiando – rosnou o nosso anti-herói de plantão.
– Um gerente de risco também pode acompanhar, por exemplo, o contrato de uma seguradora com uma empresa, adequando as apólices e coberturas à realidade da contratante. Ou, como eles dizem, “a noção de risco é diversa, e muda consoante o enquadramento que deu origem à metodologia de gestão de risco em causa”.
– Continuo na mesma. Boiando.
O risco e sua história
Ainda postado no alto do seu Himalaia de paciência, Natureza recorreu ao livro de Peter Bernstein “Desafio dos Deuses: A Fascinante História do Risco”, Campus, 1997. “A idéia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado é o domínio do risco: a noção de que o futuro é mais do que um capricho dos deuses e de que homens e mulheres não são passivos ante a natureza. Até seres humanos descobrirem como transpor essa fronteira, o futuro era um espelho do passado ou o domínio obscuro de oráculos e adivinhos que detinham o monopólio sobre o conhecimento dos eventos previstos”.
Atenção especial
Citando adendo de um outro especialista, para quem “o domínio da dinâmica do risco é essencial para a nossa sobrevivência”, Natureza tratou de encerrar o assunto, cutucando o amigo:
– Eu, por exemplo, só saio com você após consultar um especialista em gerenciamento de riscos. Eu disse riscos mesmo, mais de um.
Nosso anti-herói de plantão gostou de ser lembrado. Tanto que foi embora prometendo consultar um especialista em gerenciamento de risco antes de:
– Comprar ingresso para jogo do Atlético na Arena.
– Discutir com a sogra.
– Discordar da patroa.
– Permanecer muito tempo no VIP.
Mas, ainda pensando em assessoria, garantiu que o seu especialista em gerenciamento de risco terá que ser personal.
ENQUANTO ISSO…
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