Consta que, quando a vítima reage, fica irritada, e aí que o apelido pega. Para sempre. Pode ser, mas há exceções. Recordando seus tempos de cursinho para admissão ao Colégio Militar, em Curitiba, logo depois da instalação da escola, no Tarumã, Natureza Morta contou a história do Getúlio, um colega.
Durante uma aula de História, o capitão Ribas discorreu sobre o Tratado de Tordesilhas, que leva tal nome porque foi assinado na localidade de Tordesilhas, no dia 7 de Junho de 1494. Depois, o mestre aplicou uma prova. No dia seguinte, elogiou os alunos, inclusive o Getúlio, mas, para este, houve uma ressalva:
– É Tratado de Tordesilhas. Não Tratado de Doutor Desilhas.
Risos e alguns breves comentários, em tom de chacota. Getúlio não reagiu, nem e principalmente durante o intervalo, às brincadeiras. Apesar disso, até hoje, décadas depois, embora não seja médico ou advogado, continua sendo chamado de Doutor Desilhas…
Depois do Pio-Pio, o Pio
Aproveitando o gancho, Professor Afronsius citou outro caso. Um amigo dele é chamado, pelos mais próximos, e quase sempre, de Pio.
– Pio?
– Sim. É que seu irmão mais velho, grandão, era conhecido como Pio-Pio.
Também consta que ganhar (e dar) apelido é uma prática tão antiga como o descobrimento do Brasil. Alguns ficam famosos. Do lado do mal, temos uma galeria de foras da lei que ganharam mais do que as páginas policiais. Basta ver Cara de Cavalo, Praga de Mãe, Coisa Ruim, Capeta, Tinhoso, Lúcifer…
Ninguém escapa
Por conta de tudo, há apelidos para todos. Cheiroso, Pudim de Cachaça, Pudim de Banha, Bola de sebo, Rolha de Poço, Bolota (antes da personagem de HQ), Barriga, Bujão, Pançudo, Almôndega, Fator Celsius, Underdog… Alguns são proferidos em voz baixa, para que o alvo não escute.
– Tudo isso, sem esquecer, embora personagem de Ziraldo, Jeremias, o bom – finalizou Natureza.
Aliás, por que Natureza Morta? Alguém simplório, inanimado, em permanente estado contemplativo, justificou-se.
– É que eu me sinto coisa do início do Barroco. Sem insigth.
ENQUANTO ISSO…
