– É, de fato, LO.
Ninguém entendeu o comentário do professor Afronsius.
– LO?
– Sim, leitura obrigatória.
Referia-se a Fogo Morto, de José Lins do Rego, de grande procura no momento. Não foram poucos os estudantes que foram bater à sua porta, para emprestar o livro. Coisa do vestibular da Federal. Universidade Federal do Paraná.
Como só dispunha de um exemplar, lamentou: não deu para atender todos os interessados, só o primeiro. Empréstimo com total garantia de devolução. E ele tentou consolar os demais oferecendo outras obras de Zé Lins do Rego, o último dos contadores de histórias, segundo Otto Maria Carpeaux. Mas ninguém demonstrou interesse quanto a Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935), Usina (1936), Pureza (1937), Pedra Bonita (1938), Riacho Doce (1939), Água-mãe (1941), Eurídice (1947), Cangaceiros (1953), Histórias da Velha Totonha (1936) e Meus Verdes Anos – memórias (1956).
Retratando a decadência do ciclo dos engenhos, de cana, por supuesto, Fogo Morto, de 1943, faz parte da 2ª fase do modernismo. Nele, o autor voltava ao regionalismo nordestino e, segundo o crítico Wilson Lousada, fazia surgir “talvez uma de suas maiores criações – o Capitão Vitorino -, que alguns críticos compararam a um Quixote sertanejo dos nossos dias”.
Beronha demonstrou ligeiro interesse:
– Por que fogo morto?
Fogo morto vinha a ser um engenho que não moía mais.
ENQUANTO ISSO…
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