Consta que alguém teria gritado:
– Terra à vista!
Ao que, segundo as más línguas, um outro gajo teria deixando escapar o comentário:
– Não vai dar certo…
Era o dia 22 de abril de 1500, por supuesto, e o descobrimento do que viria ser o Brasil – ou país do carnaval, ou país do futebol. O motivo do prognóstico – “não vai dar certo”… – talvez decorra de uma superstição. Afinal, o que surgia no horizonte, pelo menos para os índios que observavam a cena, era uma frota com 13 caravelas. Sabidamente, 13 dá azar.
Cabral, outro amador que deu certo
Ainda no descontraído dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, o professor Afronsius e Natureza Morta comentaram outros detalhes da grande descoberta, agora falando sério.
Dono de um porte físico invejável – distribuído em 1 metro e 90 de altura, enquanto seus compatriotas, em média, não passavam de 1 metro e 60 -, Pedro Álvares Cabral não entendia muito bem do ofício. Mas, como navegar é preciso, como cantariam muito tempo depois, estava no comando. Amador ou não na arte de navegar.
Beronha, que acabara de chegar, meteu o bedelho:
– Não pode ser sido amador. Como dizem, o único amador que deu certo foi aquele Amador… O do banco.
De qualquer modo, quando do descobrimento, Cabral tinha 33 anos. E um futuro promissor pela frente. Embora não tenha vindo de um berço muito nobre, casou com Isabel de Castro, herdeira de uma família bastante rica. Mesmo jejuno em navegação, foi bafejado pela sorte. Ou pelos bons ventos, já que o destino seria a Índia.
Nosso herói retornou a Portugal em julho de 1501. Conta a história que, por desentendimento com o rei (intrigas da corte?), não voltou mais a navegar em nome da Coroa.
As visões, da proa e da praia
Aproveitando bate-papo, o solitário da mansão da Vila Piroquinha sugeriu a leitura de “Brasil: Terra à Vista”, do jornalista e escritor Eduardo Bueno, Coleção L&PM Pocket.
Ele conta a história do descobrimento a partir da “visão da proa”, ou seja, a dos portugueses que chegavam, e da “a visão da praia”, o ponto de vista dos habitantes de Pindorama – “a terra das palmeiras”.
Segundo Eduardo Bueno, o dia 22 de abril seria celebrado como o “primeiro dia” do Novo Mundo e o “último dia” de Pindorama, o paraíso perdido, a terra dos índios Tupi, Tupiniquim e de outras “grandes nações indígenas”.
– Mas qual a razão de todo esse bolodório? – quis saber Beronha, nosso anti-herói de plantão.
Ao largo das tormentas
Natureza e o professor Afronsius explicaram que tudo começou com o noticiário do dia sobre a crise do euro. “A elevação da produção industrial francesa dificilmente será suficiente para impedir uma retração econômica do país no terceiro trimestre”…
Confirmando avaliação anterior, a estimativa é de redução de 0,1 por cento no PIB no terceiro trimestre. A segunda maior economia da zona do euro já acumula três trimestres consecutivos de crescimento zero.
Já o Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2012 – Políticas para o Crescimento Inclusivo e Equilibrado da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), divulgado nesta semana, garante que as medidas de austeridade e o achatamento dos salários enfraquecem o crescimento dos países desenvolvidos e não estimulam a economia como o esperado.
Já as políticas de fomento à produção, à demanda e à distribuição de renda desenvolvidas no Brasil se tornaram referência global, mesmo para as grandes economias, na avaliação do economista Alfredo Saad Filho, da UNCTAD, ao comentar o relatório.
“Nos últimos 10 anos ou um pouco mais que isso, o Brasil tem servido de referência para políticas sociais, e, mais que isso, para políticas macroeconômicas. Não só as fontes de crescimento, mas as fontes de inspiração de política econômica têm se diversificado também”, arrematou o economista.
– Mas, na dúvida, é melhor continuar batendo três vezes na madeira com o nó do dedo…
ENQUANTO ISSO…
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