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Arquivos Implacáveis

Embora não se considere nem de longe o Posto Ipiranga (“pergunta lá no Posto Ipiranga”), volta e meia professor Afronsius é instado a dar alguma informação.

O caso mais recente: Os Arquivos Implacáveis de João Condé. Para satisfazer o interessado, recorreu a seus arquivos, nada implacáveis, aliás. De um deles, a coleção da Revista de História da Biblioteca Nacional, pinçou a resposta.

Nos mínimos detalhes

Um texto da professora Muza Clara Chaves Velasques, publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, edição de 12/9/2007, conta que Condé (1912-1996) foi um misto de secretário e arquivista.

Em maio de 1946, estreou o caderno literário Letras e Artes no jornal A Manhã, do Rio de Janeiro. Nas páginas centrais, a novidade: a seção Arquivos Implacáveis. Neles, “o jornalista pernambucano reunia comentários e informações sobre os mais diversos escritores brasileiros, publicando desde perfis e detalhes biográficos, curiosidades e entrevistas bem-humoradas, até trechos de manuscritos e poemas inéditos de autores jovens ou consagrados”.

Preservando tudo

O material, segundo a professora, “era fruto de uma prática bastante interessante e original de lidar com as pessoas e coisas literárias. Condé colecionava e organizava em sua própria casa os originais dos documentos que conseguia com os escritores e que publicava em sua coluna”.

Detalhe: para obter originais, Condé se oferecia para datilografar os manuscritos de escritores.

Os Arquivos Implacáveis saíram no Letras e Artes até 1948 e fizeram de João Condé uma referência no mundo das letras, especialmente no que diz respeito ao espaço para publicação e divulgação dos trabalhos literários. Tanto que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) disse – e sua opinião vinha grafada como epígrafe desde o primeiro dia de circulação da seção: “Se um dia rasgasse os meus versos por desencanto ou nojo da poesia, não estaria certo de sua extinção: restariam os Arquivos Implacáveis de João Condé”. A preocupação do poeta com o destino de seus escritos era, sem dúvida, a melhor definição para o trabalho de Condé. Seus Arquivos, que continuaram pela década de 1950 adentro na revista O Cruzeiro, foram um esforço consciente de fabricação de uma memória literária nacional”.

De outra fonte: João Condé ganhou do crítico Agrippino Grieco o apelido de “gari da literatura”.

ENQUANTO ISSO…

30 setembro

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