Todo mundo tem sua frase preferida. Ou, então, piada. Neste quadro está Beronha. Nosso anti-herói de plantão gosta da história do sujeito que caiu do 25.° andar. Ao passar pelo 15.°, comentou:
– Até aqui, tudo bem.
O professor Afronsius citou a piada ao comentar que, já no 15° dia do mês do desgosto, até que estamos indo, ou despencando, razoavelmente bem.
– Mas, na dúvida, bata na madeira 3 vezes – recomendou, precavido.
Agouro, Augusto, agosto
Natureza Morta até que concordou. Mas quando e por qual motivo houve a (boa ou má) associação de agosto com azar e desgraças? O que se sabe é que o oitavo mês do ano passou a ser chamado de agosto em homenagem a Augusto, o imperador romano. Mas, consta também, que já naquela época os romanos acreditavam que, em agosto, uma criatura horrível costumava cruzar os céus lançando fogo pelas ventas.
No Brasil, que herdou muitas e muitas coisas do admirável mundo exterior, uma série de fatos veio reforçar a crendice popular. Só popular? Bem, de qualquer modo, foi no dia 24 de agosto de 1954, precisamente às 8h30min, que o então presidente Getúlio Vargas se suicidou.
E as tais forças ocultas e poderosas levaram o presidente Jânio Quadros a renunciar em 1961, no dia 25 de agosto.
A morte do Peixe Vivo
Na seção Almanaque, sob o título Outros agostos, temos ainda na sempre bem-vinda Revista de História da Biblioteca Nacional (“essa eu não perdo”, garante até Beronha), “A morte que rompeu o silêncio”.
Refere-se à morte do ex-presidente Juscelino Kubitscheck, no dia 22 de agosto de 1976, em acidente na Via Dutra. Seguia de São Paulo ao Rio. Até hoje há suspeitas de que se tratou de atentado, como a revista demonstrou em matéria mais ampla na edição 59.
Com a edição do Ato Institucional número 5, em 1968, JK ficou detido em um regimento de Infantaria, “amargando um profundo ostracismo político”. Sua morte, no entanto, “foi capaz de estremecer o regime que o perseguia”.
Apesar da proibição de manifestações públicas “em torno de punidos pela ditadura militar, um cortejo de 3.000 pessoas, no Rio de Janeiro, acompanhou seu corpo até o Aeroporto Santos Dumont”. Em Brasília, “30.000 pessoas aguardaram sua chegada e cerca de 100.000 seguiram o caixão da Catedral até o Cemitério do Campo da Esperança”. Durante o percurso, a multidão cantou o Hino Nacional e, é claro, a música “Peixe Vivo”, uma favorita de Juscelino. “O general-presidente Ernesto Geisel declarou luto oficial de três dias por JK, que em 1964 teve seus direitos políticos cassados pelo regime”.
Cantiga do folclore brasileiro, “Peixe Vivo” tornou-se mais lembrada ainda:
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia.
ENQUANTO ISSO…
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