De Norman Mailer a Luis Buñuel, adentramos a bares de todas as formas. No caso do escritor norte-americano, há um diálogo no romance “Um Sonho Americano” (An American Dream), que aqui chegou em 1966 (Editora Civilização Brasileira):
– Já ouviu falar de Bugsy Siegel?
– Claro que sim. Como pode um bêbedo que se respeita não conhecer Bugsy Siegel?
No caso do cineasta, fica-se sabendo que há duas maneiras do frequentador se comportar em meio a fortes ou médias libações.
No autobiográfico “Meu Último Suspiro”, de 1982, Buñuel faz uma radiografia do cliente de boteco, que é movido por dois objetivos:
– Participar de uma peña, algo como um alegre e barulhento reencontro com amigos, ou simplesmente ficar bebendo e olhando, tal qual um guru de monastério, para a parede.
A ficha do Benjamin
Para satisfazer a curiosidade de Beronha, Natureza Morta explicou, recorrendo à Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, que Bugsy Siegel era Benjamin Bugsy Siegel. Nascido no Brooklyn, em 1906, morreu em 1947, com a fama de ter sido um dos mais temidos gângsteres da história policial americana.
Membro da família Genovese, Bugsy para os íntimos, era descrito como bonito e carismático. Foi um dos fundadores e líderes da Murder Incorporated e, no período da Lei Seca, entrou firme, por supuesto, no contrabando de bebidas. Com o fim da Lei Seca, em 1933, partiu para o jogo. Em 1936, deixou Nova Iorque e foi aprontar na Califórnia. Julgado por assassinato (em um dos seus inúmeros casos) em 1942, foi absolvido.
Incrível, porém verdadeiro.
Em Las Vegas, Nevada, financiou a construção de alguns dos primeiros cassinos, inclusive o Flamingo, aberto em dezembro de 1946. Fechado em seguida, por falta de estrutura, foi reinaugurado no ano seguinte. Três meses depois, em 20 de junho de 1947, seria morto a tiros em Beverly Hills, na casa de sua namorada, Virginia Colina. A mando de outro poderoso chefão, Charles Lucky Luciano.
Uma pitada de cinema
No filme O Poderoso Chefão I (The Godfather), de 1972, dirigido por Francis Ford Coppola e baseado no livro de Mario Puzo, o personagem Moe Greene foi criado com base na vida de Bugsy Siegel.
À frente do elenco, Marlon Brando, mais Al Pacino, James Caan (ele mesmo, o do seriado Vegas), Robert Duvall, Sterling Hayden e Diane Keaton.
A propósito de cinema e de biritas culturais, uma citação compulsória: Humphrey Bogart, aquele mesmo de “Casablanca”:
– Minha diferença com a humanidade é que eu estou sempre duas doses acima.
Portanto, bar é mais do que um bar. Para quem o frequenta e igualmente para quem não exercita tal prática, mas aprecia literatura e cinema.
ENQUANTO ISSO…
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