Ao ficar sabendo, pela BBI, ela mesma, que Ringo Starr, o ex-baterista dos Beatles, veio a Curitiba para apresentação no Teatro Positivo, com a All Starr Band, professor Afronsius puxou pela memória. Não propriamente pelo trabalho e ascensão do grupo, mas pelas centenas de imitações (centenas para dizer o mínimo) que brotaram e nos foram empurradas na esteira da fama dos rapazes de Liverpool, lá pelos anos 1960/70.
Assim, Curitiba foi palco de uma estranha turnê de um grupo mais estranho ainda. Os Beatles Sul-Americanos.
Gato por lebre
Pano de fundo. Anos 1960, cabeludo não era bem-visto na cidade. Geralmente era chamado de “poeta” e tomava vaia quando passava pela Boca Maldita. Cabeludo tolerável, na época, só o Tarzan.
Assim, no primeiro dia, quando os rapazes sul-americanos surgiram acenando da sacada do Braz Hotel, em frente à Boca Maldita, não deu outra. Foram alvo de tremenda vaia, apupos e de alguns xingamentos recheados de ameaças físicas. Não pela qualidade vocal ou instrumental do grupo, totalmente desconhecido, mas pelas vistosas e provocativas melenas.
Ainda bem que não foi o estopim de outra guerra do pente.
– Quanto à apresentação? – quis saber Natureza Morta.
– Não há registro. Deve ter sido um… Como direi? Um retumbante fracasso. Ou um Himalaia de fracasso.
Outro mistério: quem será que foi o ousado empresário que se aventurou a trazer a Curitiba uma cópia mal reproduzida dos rapazes de Liverpool?
Em tempo: segundo nosso prezado confrade Dante Mendonça (saudações rubro-negras!), foi daquela sacada que Getúlio Vargas fez o seu famoso discurso em Curitiba. A reação aos Beatles terceiro-mundistas não teve isso como causa, por supuesto. Mera coincidência.
Mais, do Dante: hoje, naquela sacada, tem um bar com uma vista privilegiada para a Boca Maldita, o Getúlio. O nome reverencia o caudilho.
Beronha, nosso anti-herói de plantão, achou ótimo. Afoito, indagou:
– A tal Linha Turismo passa por lá?
ENQUANTO ISSO…