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Logo pela manhã, o telefone quebra o silêncio na mansão da Vila Piroquinha. Muito a contragosto, Natureza Morta vai atender. Surpresa: não era telemarketing. O diálogo é curto e grosso. Mais grosso do que curto, como comentaria Beronha, depois.
Dondi falam?
Como estranhou a voz e o jeito de falar, o solitário da Vila Piroquinha tratou de abreviar a ligação:
Dondi não sei, mas não é daqui.
– Ah, desculpe. Foi engano, então.
Telefone novamente repousando no gancho, Natureza ficou matutando enquanto preparava o café (de coador).

CARREGANDO :)

Bell e o ajudante Watson (o outro)

Alexandre Graham Bell nasceu em 1847. Criança ainda, acompanhava o trabalho do pai, que tinha desenvolvido um método para correção da fala e treinamento de surdos-mudos.
Em 1865 foi criada a União Internacional de Telecomunicações, aliás, a mais antiga instituição das Nações Unidas (ONU). No ano seguinte entra em operação o primeiro cabo telegráfico transatlântico, entre a Irlanda e Terra Nova.
Foi em 1876 que Graham Bell trava o diálogo histórico. Junto ao transmissor do aparelho no qual trabalhava, pede a seu auxiliar, um eletricista:
– Senhor Watson, venha cá. Preciso do senhor.
– Senhor Bell, ouvi cada palavra que o senhor disse, distintamente.
Dia 14 de fevereiro de 1876: Graham Bell registra a patente do seu invento. Detalhe: duas horas antes de Elisha Gray, que, paralelamente, também desenvolvia pesquisas para chegar ao telefone.

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Uma dupla incansável

Com o invento devidamente patenteado, Bell e Watson mergulham no aperfeiçoamento do “transmissor de indução”. Objetivo: participar da Exposição do Centenário da Independência dos EUA.
A exposição atrai milhares de pessoas. Entre elas D. Pedro II, que ordenaria a instalação de linhas telefônicas interligando o Palácio da Quinta da Boa Vista às residências de seus ministros. Isso em 1877, com a montagem da Western and Brazilian Telegraph. Estava efetivamente implantada a telefonia no país. Já o decreto 8065, de 17 de abril de 1881, autorizou a Telephone Company do Brasil “fazer negócio de construir e fazer trabalhar linhas telephonicas da cidade do Rio de Janeiro e seus subúrbios e na cidade de Nictheroy”, no Império do Brasil, “que serão postas em comunicação com a dita capital por um cabo submarino”. Começava a exploração comercial dos nossos serviços de telefonia.
A concessão para implantação da primeira linha telefônica interurbana no país, entre o Rio e São Paulo, foi outorgada em 1890. Entra em cena a empresa alemã Brasilianische Elektricitats Gesellschaft, que em 1912 acabou incorporada (no Canadá) à Brazilian Traction Light & Power.
– Ufa! – comemorou Beronha, já a postos para serrar o lauto (ou opíparo) café da manhã. Tanto que tratou de desligar o celular, mas teve de pedir ajuda.
– Não sei usar direito essa coisa. Coisa do demonho… Aliás, também não consigo ainda falar nele e andar ao mesmo tempo. Algo como mascar chiclete e andar.
– Parece que não é só você… – brincou Natureza.

ENQUANTO ISSO…