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Caça ao bifinho

Sob chuva, frio e ventania, professor Afronsius saiu de casa desesperado – atrás de 65 gramas.

– 65 gramas de ouro? – quis saber Natureza Morta.

– Não, de carne. Ou algo parecido.

Apesar da pressa, o vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha conseguiu explicar o que se passava:

– Culpa do Schnaps.

Desespero geral

Schnaps vem a ser o seu pet de estimação. Como o bichinho, apesar de grande e gordo, consumiu todo o estoque de bifinhos de carne, no domingão passou a latir sem parar, certamente dizendo “quero mais ou vou pra rua protestar”.

O problema, no entanto, não foi o mau tempo, mas encontrar algum pet shop aberto. Nenhum deles estava funcionando, e o produto canino (ainda) não chegou aos supermercados.

Voltou de mãos abanando, enquanto Schnaps, ao vê-lo de mãos vazias, deixou de abanar o rabo.

E não era para menos. É só conferir na embalagem:

– Doguitos – Rodízio – Bifinho carne. Feito com carne fresca e rico em proteína. Seu cão vai viver momentos de puro prazer. Faz parte de uma linha de petiscos incrivelmente deliciosos. Prossegue a mensagem do fabricante: É muita água na boca a cada mordida. Do rodízio constam os sabores picanha, linguicinha e frango.

Enquanto Beronha lambia os beiços de inveja, Natureza optou pelo silêncio depois de manifestar solidariedade ao professor Afronsius e Schnaps, não necessariamente nessa ordem. Mas, mesmo condoído pelo desespero do amigo, pensou com seus botões:

– Nos velhos tempos, o corpo humano era formado de cabeça, tronco e membros. Hoje, de tronco, membros, celular e um mamífero canídeo.

Daí deixar a sugestão: que tal implantar um sistema de rodízio de plantão para pet shops aos domingos?

ENQUANTO ISSO…

19 agosto

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