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Como diz Natureza Morta, tudo previsível. Refere-se ao mercado de produtos destinados a cães. Como já tinha observado, em supermercados até mesmo da Vila Piroquinha, está mudando a estratégia de venda, a começar pela disposição dos produtos nas prateleiras. Antes, as da entrada ou localizadas em outros pontos de maior visibilidade eram exclusivas para cachorros.
Hoje, no entanto, os produtos para gatos estão invadindo essa área.
– Não que o consumo canino esteja em queda – acredita o professor Afronsius, que garante não estar preocupado com Schnapps, o seu dog de estimação. É que, arrisca, o novo nicho é o dos gatos.
Natureza concordou:
– Briga, como se diria, de cachorro grande. Embora envolva gatos.

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Questão de mercado

Há quem garanta que a corrida para recolher os cachorros – antigamente habitantes de fundo de quintal, alimentados com sobras do almoço e do jantar e muito raramente à base de rações – decorre do controle da natalidade.
– Natalidade humana – brincou o professor Afronsius.
E há quem diga que, com a redução do número de filhos, fenômeno que se acentuou nas últimas décadas, famílias passaram a adotar animais domésticos “para preencher espaço afetivo que antes era ocupado por um número maior de crianças ou familiares”.

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Demanda crescente

É ainda do vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha um breve levantamento: nos últimos dez anos surgiram produtos e serviços que aproximam o mercado de animais de estimação do mercado para seres humanos.
Exemplos: centros de estética e beleza, hotel, creches, clínicas para tratamento de saúde, tratamento de fisioterapia, brinquedos, atendimento psicológico e até motel exclusivo para cães e gatos.
– Motel? – interveio Beronha, um tanto assustado. A que ponto chegamos.
Vai daí que, o setor de gatos, em forte expansão, fomenta a produção de bens e gêneros de primeira necessidade, como diria Natureza, para atender a crescente demanda. O inevitável já está ocorrendo: foco agora na gatarada.
– Dia desses, topei com uma van toda incrementada. Era da loja Paraíso do Miau. Oferecia, inclusive, tosa e banho – contou Beronha.
– Normal.
– Tosa e banho climatizados… Nem sei o que é isso.
Nosso anti-herói de plantão arriscou novamente, no fim de papo:
– Diante de tanta mordomia, deixou de fazer sentido aquela música do meu ídolo, o Valdick Soriano. Como é que era? Eu não sou cachorro, não…
O jeito é aproveitar. Os gatos estão chegando.

ENQUANTO ISSO…