
Tempos bicudos. Hoje, ontem e anteontem. Uma prova disso são as ordens da censura quando, por nossas bandas, do brevíssimo governo Haroldo Leon Peres. No desfecho, os jornais, rádios e TVs receberam a mordaça em incrível sequência. O jornal O Estado do Paraná era por aqui o veículo mais visado.
– 18 de agosto de 1971: proibida qualquer matéria contra o governo do Paraná.
– 17 de novembro: proibida qualquer publicação sobre LP versando sobre especulação de renúncia.
– 18 de novembro. No mesmo dia, duas proibições e o reforço de uma terceira: divulgação de qualquer pronunciamento de LP; particularmente especulação sobre renúncia; mantidas as proibições anteriores até 2.ª ordem.
– 19 de novembro: proibida divulgação referente renúncia e pronunciamento de Leon Peres.
– 20 de novembro: proibido noticiar renúncia de LP ou pronunciamento de LP.
– 22 de novembro: proibido noticiar comentários sobre fatos ou atos envolvendo LP – inclusive nota do Palácio Iguaçu.
– 23 de novembro: noticiar atos ou fatos envolvendo LP ou comentário sobre renúncia.
– 25 de novembro: proíbe qualquer notícia relativa a LP.
– 26 de novembro: repete a proibição anterior.
– 30 de novembro: proibido tudo sobre LP, particularmente especulação sobre sua renúncia e eventuais causas – junto, a ameaça de apreensão de edições do jornal.
– 3 de dezembro: proibido tudo sobre caso LP até segunda ordem.
Para quem não se lembra, Leon Peres foi eleito pelo general Garrastazu Médici em abril de 1970. A 17 de novembro de 71, não tinha mais jeito, e ele é fritado. A renúncia já era notícia dia 23. No dia 24 de novembro, os donos do poder liberam a notícia da renúncia, mas mantêm, por supuesto, a proibição de comentários sobre a escolha do indigitado Leon Peres e os critérios adotados pelo presidente de plantão.
O(s) criador(es) nega(m) a criatura e lava(m) as nãos.
ENQUANTO ISSO…
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