Ah, a informação! Não é de agora a guerra pelo controle, acúmulo e manipulação. Quem tem, leva vantagem em tudo. Breves exemplos: o que seria do mercado e das bolsas sem a tal informação privilegiada? Ou do velho e carcomido turfista sem a informação de cocheira – ou dos cartolas do futebol sem os olheiros, intermediários, patrocinadores e etc?
Mas, no momento, a coisa mostra o focinho enorme do monstro que nos observa e ameaça. Faz tempo. E, com ele, o monstro, onisciente porque onipresente, não são poucos os que temem até usar o orelhão da esquina. O que ainda esteja de pé, incólume a depredações e tentativas de incêndio.
Nem Cryptofax escapa
Depois de ler a revista CartaCapital, professor Afronsius recomendou a matéria do jornalista Antonio Luiz M. C. Costa, que aponta absurdos (agora comprovados) da espionagem de Washington. Nada escapa da teia, inclusive o Cryptofax da embaixada da União Europeia em Washington. Um esquemão global que, decerto, vai muito além da política, incluindo a espionagem comercial.
– Coitado do personagem Ubaldo. Caso ainda estivesse hoje em ação, nas charges e tiras, iria pirar de vez – comentou Natureza Morta.
O velho medo ao telefone
Diante da cara de estranheza de Beronha, Natureza explicou para nosso anti-herói de plantão que Ubaldo era personagem do Henfil, nos anos 1970. Um dos cabeças do Pasquim, Henfil combatia um inimigo quase invisível, que fazia, aprontava e perseguia. Bastava não dançar conforme a música, ou marcha, da ditadura civil-militar de 1964.
Na revista Fradim, também de sua criação, Henfil comentou que as pessoas, à época, tinham medo até de falar ao telefone.
Nos multimidiáticos e impactantes dias presentes, o personagem Ubaldo, que encarnava as aflições dos anos de chumbo, teria muito assunto. Loucura total. A única possível vantagem: estaria ele livre da censura oficial, para, com estocadas de humor às vezes amargo porque profundo, descer a lenha nos (quase) invisíveis donos e gestores do poder. E no estamento.
Mas, quem sabe, afinal privilegiado pelo talento na crítica, ficasse fulo da vida também com outra expropriação da qual foi vítima com a reforma ortográfica:
– Paranoico perdeu o acento, o que, certamente, contribuiria para aumentar ainda mais a paranoia do pobre e sofrido Ubaldo, o ex-paranóico…
– Surrupiaram-lhe até o acento agudo… – encerrou o professor Afronsius.
Em todo caso, Henfil, Ubaldo, Fradim Cumprido, Fradim Baixim, Bode Orelana, Graúna e Zeferino fazem muita falta.
ENQUANTO ISSO…