O prédio é modesto, quatro andares, construção das antigas. Fica na Avenida João Gualberto, em Curitiba, do lado oposto ao Bar Luzitano com Z. Mas, ignorado pela maioria dos transeuntes, tem a capacidade de atrair aves de porte. Dias atrás, duas delas abriam as asas na beirada do telhado, e eram observadas por dois clientes do bar.
– É corvo.
– Não. Urubu.
– Corvo.
– Urubu. Corvo é uma ave corvídea, preta, inexistente na América do Sul. Urubu, nome comum que vem do tupi. Uma das aves catartídeas, de cabeça nua, que se alimentam de carne em decomposição…
Aí, um terceiro frequentador do bar, copo (cheio) à mão, aproxima-se da dupla ancorada no meio-fio. E sem saber da polêmica corvo ou urubu, chega e sentencia sem rodeios:
– Olha lá, que beleza! Um casal de papagaios!
Fim de papo, os dois polemistas apagam o cigarro na lixeira, dão uma talagada e retornam ao balcão do distinto estabelecimento.
O ornitólogo de ocasião ficou sozinho.
ENQUANTO ISSO…
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