Sobre a proposta que é discutida na Comissão de Educação do Senado, para “simplificar” a língua portuguesa, abolindo, entre outras letras, o H inicial, o CH, o Ç, há quem lembre o aforismo “a crase não foi feita para humilhar ninguém”, de Ferreira Gullar. Mas, entre o emprego correto da crase e a eliminação de certas letras há o risco de um xaxixo. E xaxixo omérico, mesmo sem pitadas de umor. Parece uma reedição do boimate, aquele mesmo, só que um 1.º de abril fora de época.
Caso venha a ser aprovado pela CE (bate 3 vezes na madeira), o projeto terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça e por uma comissão específica. E ser remetido à Câmara dos Deputados, para mais uma votação.
Mesmo assim, professor Afronsius, devidamente assessorado por Natureza Morta e Beronha, ficou a imaginar algumas coisas:
– O coronel Kurtz, do filme Apocalypse Now, 1979, de Francis Ford Coppola, adaptação de O Coração das Trevas (Heart of Darkness), romance de Joseph Conrad, diria: “O orror! O orror!”.
– Ou, a pergunta: já leu a Ilíada, de Omero?
– Ou ainda: o problema do idrante lá do prédio já me deixou ipertenso…
Sempre à frente de qualquer reforma, Beronha encerra o papo:
– Pra mim xega. Iso já me enxeu a paciência.
Do início ao fim
O jornal Zero Hora, de Porto Alegre, ao dar a notícia, elencou alguns exemplos do que mudaria.
Fim do H no início da palavra:
Homem – Omem
Hotel – Otel
Hoje – Oje
Humor – Umor
G fica som de “gue”:
Guerra – Gerra
Guitarra – Gitarra
CH substituído por X:
Chá – Xá
Flecha – Flexa
S com som de Z vira Z:
Asa – Aza
Brasília – Brazília
Base – Baze
X com som de Z vira Z:
Exame – Ezame
Executar – Ezecutar
C antes de E e I vira S:
Censura – Sensura
Cedo – Sedo
Cidade – Sidade
SS vira S:
Gesso – Geso
Fossa – Fosa
SC antes de E e I vira S:
Nascer – Naser
XC com som de S vira S:
Exceto – Eseto
Excêntrico – Esêntrico
ENQUANTO ISSO…
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