Não é hoje, muito pelo contrário, a ojeriza de muita gente quanto aos políticos. Mas, no presente momento, ela, a ojeriza, é muito mais acentuada. Os motivos abundam. Com destaque nacional, uma forma de protesto entrou para a história política brasileira. Na corrida em busca de votos, por supuesto, tivemos um tremendo fenômeno eleitoral. Afinal, o vereador mais votado do Brasil, superando 100 mil votos, enquanto o partido mais votado não chegou a 95 mil.
O autor da façanha? Um mamífero rinocerotídeo, o Cacareco.
Atração principal
Foi na eleição de setembro de 1959. Um ano antes, por iniciativa do então governador Jânio Quadros, o dito cujo Cacareco foi levado do Rio para abrilhantar a inauguração do zoológico de São Paulo e acabou virando a grande atração. Os cariocas ficaram na bronca, exigindo a sua volta, mas Cacareco acabou ficando na capital paulista. Afinal, naquela época como agora, a vontade da maioria nem sempre é respeitada.
Assim, durante a eleição de 59, como registra o livro 80 Anos de Brasil, editado pela Souza Cruz em 1983, a polêmica ganhou corpo: onde deveria ser a casa do rinoceronte, o seu domicílio eleitoral? A bronca desaguou na sagrada hora do voto. Os insatisfeitos com a política, sem candidatos, trataram de formalizar seu protesto dando uma tremenda votação ao simpático mamífero.
E o Cacareco morreu em dezembro de 1962, aos 8 anos, de nefrite aguda, embora os rinocerontes vivam em média 45 anos. Em 1984, os restos mortais foram levados para o Museu de Anatomia Veterinária, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP. E lá repousam.
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