Com a devida vênia – em respeito à classe médica -, não raras vezes a ida a uma oficina para (sem trocadilho) uma consulta acaba lembrando um consultório. O cabôco entra e sai sem entender nada.
Motorista de uma época em que era comum ouvir em oficinas de fundo de quintal que o problema do veículo era o apavorante giclê, quando não a mais misteriosa ainda rebimboca da parafuseta, professor Afronsius ficou espantado nesta semana. Não é que descobriu uma tal de bieleta? Só que ela existe mesmo. E, com nossas as ruas cheias de buracos e outros desafios, merece cuidado especial. Ao primeiro ruído.
Natureza Morta acrescentou outros nomes que igualmente assustavam:
– A mola da grampola, arruela da grapeta e a rosqueta da parafuseta.
Provocavam calafrios, inclusive, no motorista macarronada.
– Macarronada?
– Sim, aquele que só sai nos fins de semana.
Ruídos de navio de pirata
Conhecida também como tirante, a bieleta faz a ligação entre o amortecedor e a barra estabilizadora. E o professor Afronsius ouviu, depois, que os carros modernos usam suspensões segmentadas. As barras estabilizadoras possuem as tais bieletas. A barra conecta cada par de rodas, e a bieleta conecta a barra aos braços que efetivamente entram em contato com as rodas. Suas juntas esféricas permitem que as rodas girem e que a suspensão se movimente em seu curso. Fácil de entender, por supuesto.
Os primeiros sintomas de uma quebra prematura são ruídos metálicos seguidos de batidas secas na suspensão.
– No meu caso, parecia barulho de navio pirata do cinema. Um ranger da estrutura de madeira, aliado ao do cordame, remetia também, se a natureza assim o permitisse, a uma algaravia de sapos num charco em final de tarde.
Tudo sob controle?
Com as bieletas, o carro oferece estabilidade e absorve de modo mais eficaz os impactos. E impedem que o carro se incline em demasia nas curvas, o que pode levar à perda de controle. “Ao colocar bieletas entre as barras e as rodas, refina-se este processo, e a condução do carro fica mais justa”, segundo técnicos no assunto.
É de conhecimento até do mundo mineral, como diria Mino Carta, que muitas de nossas ruas mais parecem tábuas de lavar roupa. Para aguentar a pauleira, as bieletas costumam ser de ferro, aço ou de ligas metálicas. A maioria possui pelo menos uma junta esférica, que se conecta aos componentes adjacentes da suspensão. Alguns modelos, porém, como os usados em alguns carros japoneses e europeus, não as possuem.
Resumindo, já que o tanque de gasolina parece estar no mico: como o volante pode ficar balançando, pulando e com zonas mortas, não ignore os rangidos, pois, caso a bieleta se quebre, você poderá perder o controle do veículo.
E, aí, babau.
ENQUANTO ISSO…
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