Depois de devorar “O Alvorecer do Purunã – Diários de um imortal em viagens pela história”, da Nouvelle Editora, do historiador Carlos Roberto Solera, que, recentemente, aliás, deu palestra no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Natureza Morta mergulhou na biblioteca da Vila Piroquinha.
E de lá só saiu depois de revisitar “Caminhos e Fronteiras”, de Sérgio Buarque de Holanda, da coleção (capa dura) Documentos Brasileiros, Livraria José Olympio Editora, Rio, 1957.
Beronha, estupefato: “Pomba! Que viagem pelo tempo!”
Manchas dispersas
Ensina o mestre Buarque de Holanda que nos primeiros tempos da colonização do Brasil, “os sítios povoados, conquistados à mata e ao índio, não passam, geralmente, de manchas dispersas ao longo do litoral, mal plantada na terra e quase independentes delas”. Esses núcleos, “acomodando-se à arribada de navios mais do que ao acesso do interior, voltam-se inteiramente para o outro lado do oceano”.
Mas, inevitavelmente, chega o momento de se voltar para dentro do país. Nova epopéia, que começa com a marcha a pé, a expansão bandeirante. Só pelo século XVIII é que se chega à locomoção animal, com as primeiras cavalgaduras “afluindo esporadicamente para o sertão remoto e, ainda assim, onde houvesse terras já desbravadas e povoadas”.
Animais de sela
Entre outros problemas, o preço extremamente alto para os “animais de sela”. Havia “carência de eqüinos”, sobravam “vacuns”. Aos poucos, chegava-se ao tropeirismo: o tropeiro é descrito por Buarque de Holanda como “o sucessor direto do sertanista e o precursor, em muitos pontos, do grande fazendeiro”.
E vamos em frente, até a figura do tropeiro paulista, que, como a do curitibano, do rio-grandense e do correntino, traz “uma dignidade sobranceira e senhoril, aquela mesma dignidade que os antigos costumavam atribuir ao ócio mais do que ao negócio”.
Natureza alega estar cansado, interrompe a fala, pede licença, dá boa noite a Beronha, o nosso anti-herói de plantão, e se recolhe a seus aposentos. Não sem antes recomendar a obra da Buarque de Holanda e a do amigo Solera.
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