Diante de insistentes pedidos de um amigo que não leu Folclore Político, do jornalista Sebastião Nery, lançado em 2012 pela Geração Editorial, professor Afronsius decidiu puxar pela memória e contar uma do Barão de Itararé, já que não empresta seus livros “nem a pau”.
Café fora da lei. O episódio:
O jornalista e mestre do humor Aparício Torelly, Barão de Itararé, acabou preso pela ditadura do Estado Novo. Motivo, e não poderia ser outro: sátiras que fazia ao regime. Em 1938, foi interrogado pelos juízes do terrível Tribunal de Segurança Nacional.
– O senhor sabe por que está preso?
– Sei, sim. Porque desobedeci à minha mãe.
– Não entendi.
– Muito simples, doutor juiz. Eu sempre gostei muito de café. Minha mãe reclamava: meu filho, não tome tanto café que um dia você vai se dar mal. Eu desobedeci e continuei tomando café. No mês passado, estava eu com alguns amigos tomando cafezinho na Galeria Cruzeiro quando chegaram os homens da polícia e me levaram. Minha mãe tinha razão: eu ainda ia me dar mal por causa do café. E me dei.
O interrogatório foi encerrado.
Ainda do Barão:
– O fígado faz muito mal à bebida.
– A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
– Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.
– Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
– Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
Gaúcho, Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly nasceu em 1895 (29 de janeiro); morreu em 1971 (27 de novembro), no Rio de Janeiro. Foi dormir e não acordou.
ENQUANTO ISSO…