Diante do prenúncio de “retumbante fracasso” que será o lançamento do Breve Dicionário de Palavras em Desuso, do professor Afronsius, conforme comentário do Beronha, Natureza Morta decidiu voltar ao assunto.
Primeiro mandou o nosso anti-herói de plantão consultar o Aurélio. É claro que teve de explicar que não se tratava do Aurélio da padaria da Vila Piroquinha. Mais fácil foi pegar o dicionário e entregar o “livrão”.
– Confira aí o que significa retumbante. E fracasso.
Depois de demorada pesquisa, Beronha viu-se obrigado a uma correção:
– Eu pretendia fazer um elogio. Quis dizer um estrepitoso sucesso.
Tirando (algumas) dúvidas
Desfeito o engano, os dois ficaram conversando sobre a pesquisa do vizinho de cerca viva da mansão da Vila Piroquinha. Aproveitando o Aurélio, Beronha tratou de tirar “algumas pequenas grandes dúvidas” que, também sic, “sobrevoavam” sua cabeça.
Ficou sabendo que azougue, no sentido figurado, significa pessoa muito viva e esperta. Preboste: antigo magistrado da justiça militar; anspeçada: posto na hierarquia militar; calceteiro: operário que calça ruas com pedras justapostas; mansarda: telhado formado por águas quebradas, com duas inclinações, sendo a inclinação inferior quase vertical e a superior quase horizontal; e, finalmente, panapaná: migração de borboletas, que chega a formar verdadeiras nuvens; bando de borboletas.
Beronha:
– Pôxa! Já posso mergulhar nas palavras cruzadas…
Mais uma aula
A propósito das palavras, Natureza voltou a citar uma matéria da revista Pesquisa, da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. “A vida das palavras”, texto assinado por Igor Zolnerkevic (edição de julho de 2011), informa que físicos e linguistas examinam a evolução do vocabulário de comunidades. Eles admitem que ninguém sabe exatamente quantas palavras nascem a cada momento, mas têm certeza de que “a imensa maioria delas é raramente usada, geralmente esquecida”.
É que existem muito mais palavras do que um único ser humano conseguiria aprender ao longo da vida. A revista informa que o serviço de busca Google registrou 13 milhões de palavras distintas em língua inglesa usadas pelo menos 200 vezes em páginas na internet até 2006, “enquanto pesquisadores estimam que o tamanho do vocabulário de um adulto com bom nível educacional não ultrapassava 100 mil palavras”.
Um outro estudo, publicado em maio na revista PLos One, ajuda a entender melhor como o vocabulário de uma comunidade evolui com o tempo:
– As chances de uma palavra, velha ou nova, permanecer em uso no futuro não dependem tanto da frequência com que ela é usada atualmente, mas sim da variedade de assuntos em que é empregada e, mais importante ainda, do número de pessoas que a utilizam.
E o físico brasileiro Eduardo Altmann, um dos autores do estudo, diz que, para manter a variedade de palavras em uso em uma comunidade, “é melhor muita gente falar pouco do que pouca gente falar muito”.
É isso.
ENQUANTO ISSO…