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Do conto de réis ao euro
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Preparado para o dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, o professor Afronsius recorreu à velha chave para abrir uma conversa:
– Quais as novas?
– As mesmas – respondeu Beronha, que deu as caras mais cedo, aproveitando a reaparição do Sol nos céus de Curitiba (“fala baixo senão ele foge de novo”, aconselhou nosso anti-herói de plantão).
– As mesmas. De sempre – reforçou Natureza Morta.
E resolveram pular as notícias sobre corrupção, afanos do dinheiro público e delitos conexos.
– Nada de novo. Ah, prenderam, isso sim, um ladrão de galinha.
– É. Nada de novo, realmente.

O “velho vício”

Mas, para não deixar passar em branco a sessão gatunagem, posto que, parodiando o almirante Penna Botto, “o preço da honestidade é a eterna vigilância”, o solitário da Vila Piroquinha citou um registro.
Está lá, na Revista de História da Biblioteca Nacional, edição de agosto de 2010, página 84, seção Almanaque, sob o título “Velho vício”:
– Para um grupo que está há muito tempo instalado no poder, é difícil largar as tetas do governo. Este foi o caso dos políticos derrubados pela Revolução de 1930. Desde o final do século XIX, a Presidência da República era ocupada segundo um acordo entre as elites políticas e econômicas regionais – a chamada “política dos governadores”. O movimento que levou Vargas ao Catete acabou pegando muita gente de surpresa. O diretor da Central do Brasil, empresa ferroviária estatal, foi preso no município de Barra Mansa (RJ) tentando fugir. O funcionário não estava totalmente desprevenido: carregava consigo oito mil contos de réis do erário público. Qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência. Ou não?
– Fim do texto.
– E o euro? – quis saber o professor Afronsius.
– Euro?
– Sim, o euro do título.
– É a moeda mais recente.
– E aí? Meteram a mão?
– Mera questão de tempo…

ENQUANTO ISSO…


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