Como se sabe, há bares e bares. Tanto que, na Carta Capital desta semana, Nirlando Beirão discorre sobre alguns deles, que fizeram e, ainda bem, continuam fazendo história. Caso do Riviera, em São Paulo, do Amarelinho, no Rio, que resiste desde 1921, entre outros.
Longe da lista de notáveis estabelecimentos, nem por isso o Bar VIP da Vila Piroquinha deixa de desempenhar seu papel. Apesar dos pesares.
Fenômenos externos
Dia desses, por conta do tempo amalucado em Curitiba, o bate-papo deixou de girar em torno do futebol. E não foi por culpa do Furacão, mas por conta do tornado em São Paulo e do equinócio, que, no Marco Zero de Macapá, já virou ponto turístico há muito tempo no Amapá.
No Nortão do País, Macapá é a única capital brasileira cortada pela linha imaginária do Equador. O duro foi aguentar alguns comentários dos entendidos que de nada entendem, não ouvem ou nada lêem, mas falam pelos cotovelos. Um deles, aliás, foi taxativo:
– Se é linha é imaginária, como garantir que ela existe?
– É, boteco sempre tem esse inconveniente – reagiu professor Afronsius, lembrando que um outro especialista em equinócio insistiu o tempo inteiro que era, isso sim, sinal do fim do mundo.
De nada adiantou explicar que o fenômeno ocorre duas vezes ao ano, nos meses de março e setembro, marcando o início das estações outono e primavera. Os raios do Sol, no seu movimento aparente, incidem diretamente sobre a linha do Equador.
– Não acredito, duvido e faço pouco. Conversa pra boi dormir – bateu o pé um dos incrédulos de plantão.
Nem tornado escapa
Quanto aos tornados, o porre foi o mesmo.
– Tornado é coisa de americano, tudo mundo sabe disso. Só ocorre nos Estados Unidos, tanto que tem um filme sobre os caçadores de tornados – sapecou outro sabichão.
Certamente estaria de referindo ao filme Caçadores de Tornados (Twister), de Jan de Bont, 1996, com Bill Paxton e Helen Hunt.
De nada adiantou citar o geógrafo Daniel Henrique Candido, pesquisador de tornados no Brasil, autor de um levantamento de três décadas para doutorado da Universidade de Campinas (Unicamp).
Segundo ele, no Brasil há mais risco de ocorrer tornado em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Estados do Sul.
– São Paulo foi quem mais relatou esse fenômeno entre 1985 e 2010. Nesse período, foram 205 episódios, e há tendência de aumento na área urbanizada. Um fator que favorece os relatos em São Paulo é o fato de ser uma região mais povoada.
Nesse ponto, Natureza Morta, professor Afronsius e Beronha aproveitaram a dica, pagaram a conta e se mandaram, em busca de uma região menos povoada possível:
– Mas que tenha um bom boteco por perto.
ENQUANTO ISSO…