Não é de hoje a ojeriza de muita gente (e muitos setores) em relação a jornalistas. E, em muitos e muitos casos, procede. Afinal, há jornalistas e jornalistas, como em qualquer profissão. Uma questão não apenas nossa, mas mundial.
Tanto que professor Afronsius pinçou uma ferina observação de um artigo publicado na revista Carta Capital desta semana.
– Quando reportagens citaram o plano de Kerry, geralmente foi uma análise de corrida de cavalos, sobre como ela se desenrola, e não o que há nela.
O autor: Paul Krugman, Nobel de Economia de 2008.
Aqui como lá…
Diante do súbito interesse de Natureza Morta e Beronha, professor Afronsius foi em frente. Título do artigo: O jornalismo desinformado. Krugman (que nos desculpe a intimidade) conta que certas reportagens “passam direto pelas verdadeiras questões políticas para especular sobre como elas influirão politicamente. Penso nisso como reportagem de ‘segunda ordem’, e é quase sempre ruim.
Mais adiante, refere-se à campanha presidencial de 2004, nos EUA, quando fez “pesquisas minuciosas percorrendo dois meses de transcrições de noticiários da tevê”.
E destaca o que encontrou: “O senhor Kerry propõe gastar 650 bilhões de dólares para ampliar o seguro-saúde para famílias de baixa e média renda. Quer você aprove, quer não, não pode dizer que ele não abordou o tema. Por que este eleitor não ouviu falar a respeito?”
Prossegue o Nobel: “Não importa os detalhes, eu não pude encontrar sequer uma declaração clara de que Kerry quer reverter os recentes cortes de impostos para pessoas de alta renda e usar o dinheiro para cobrir a maioria dos não segurados”.
Daí a sua observação recorrendo à “análise de corrida de cavalos, sobre como ela se desenrola, e não o que há nela”.
Krugman, sem dúvida, poderia ganhar, caso existisse tal laurel, também o Nobel de Humor Inteligente.
ENQUANTO ISSO…