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Houve um tempo em que dispor de um telefone em casa era um luxo, coisa de rico. Hoje, ao observar cenas do cotidiano, praticamente todo mundo abduzido pelo celular e quejandos, até mesmo quando passeia com o pet e atravessa a rua sem observar o semáforo ou está dirigindo o carro sem tirar o olho do aparelhinho, há quem pergunte sobre os orelhões:

CARREGANDO :)

– Essa coisa ainda existe?

Sim, existe, mas como uma peça decorativa que atrapalha o apressado pedestre, herança da cidade de antanho. Segundo a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, o orelhão, oficialmente TUP – Telefone de Uso Público – foi projetado por Chu Ming Silveira, arquiteta e designer brasileira, nascida na China. Seu lançamento ocorreu em abril de 1972, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Rapidamente, espalharam-se pelo país inteiro e em países da América Latina, caso do Paraguai, Peru e Colômbia, em países africanos como Angola e Moçambique, na China e em outros cantos do mundo.

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E chegou ao fim uma prática bastante comum: bater na porta da casa do vizinho e fazer um pedido:

– Dá pra me emprestar o telefone por alguns minutos? Coisa rápida.

Não raras vezes, o vizinho, aflito, ouvia um sonoro não – acompanhado de um conselho:

– Vai no armazém da esquina que tem telefone público…

Eram aparelhos semipúblicos instalados em estabelecimentos comerciais que firmavam contrato com a Companhia Telefônica Brasileira, empresa de capital canadense que, à época, era responsável pela telefonia em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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Os telefones realmente públicos só despontaram nas calçadas brasileiras em meados de 1971, quando mais de 93 milhões de pessoas espalhadas pelo país nem sonhavam em carregar um telefone no bolso. Ou na bolsa. A telefonia móvel? Algo ainda distante. O primata do telefone celular só entraria em cena em 1973.

ENQUANTO ISSO…