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27 de agosto de 1999. Aos 90 anos, morria dom Hélder Câmara. Bispo, arcebispo emérito de Olinda e Recife, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Único brasileiro indicado 4 vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Durante a ditadura civil-militar de 64, foi duramente perseguido. Embora nunca tenha aceitado o marxismo, era chamado de “bispo vermelho” e “padre de passeata”. Em setembro de 1970, a censura proibiu qualquer notícia a respeito dele.

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Viver é perigoso

A propósito, professor Afronsius lembrou que dom Hélder, cearense de Fortaleza, defendia uma Igreja simples, voltada para os pobres e à não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais

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Mas, para ver como são as coisas, em 1932, a convite de Plínio Salgado, ingressou na Ação Integralista Brasil (AIB), a versão tupiniquim do nazi-fascismo. E chegou a ser ativo divulgador do movimento, cuja saudação, e não só no gestual e no grito, remetia a Mussolini e Hitler – era Anauê. O lema dos integralistas: Deus, Pátria e Família.

Anauê, que virou o nome da revista editada pela AIB, seria um vocábulo calcado da língua tupi. Uma saudação do tipo “Você é meu irmão”. Por causa dos uniformes, os garbosos e geralmente barrigudos integralistas passaram a ser chamados de camisas verdes – ou, alvos de pilhérias, de galinhas verdes. Eles se identificavam erguendo o braço direito, mão espalmada, bradando “Anauê”.

Embora marcado por sua “malfadada passagem pelo integralismo”, como apontou um historiador, dom Hélder jamais ingressou na política partidária.

Sua opção era bem outra.

– Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, me chamam de comunista e subversivo.

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ENQUANTO ISSO…