A cada mês – haja espaço! – entram em circulação no Paraná cerca de 30 mil novos veículos. Assim, no mês passado chegamos à marca de 5.321.558 veículos, uma frota equivalente a mais da metade da população do Estado (10,4 milhões de habitantes).
Ou seja, o total de veículos nas ruas e estradas mais que dobrou na última década, segundo o Detran.
Como diz Natureza Morta, o problema não é tirar o gênio da garrafa, mas colocá-lo de volta.
As autoridades ligadas ao assunto, ou ao problema, dizem que estão em alerta e trabalhando para atender a demanda e evitar o engarrafamento final. Na cidade coalhada de carros, motos, caminhões e ônibus, ninguém sairá do lugar.
– Uma espécie de lockout automotivo.
O jeito é apelar para a conscientização dos motoristas. E adotar medidas paralelas. São Paulo capital, onde os motoristas são bastante solidários (questão de sobrevivência), tem um bom exemplo disso com uma emissora de rádio que só transmite informações sobre o trânsito.
A rádio que roda roda
A SulAmérica Trânsito 92,1 FM foi lançada em 2007 para prestar serviço a quem se aventura a sair de casa. O slogan diz tudo: a rádio que ajuda você a enfrentar (sic) o trânsito de São Paulo.
A programação vai das 6 às 22 horas, com informações de trânsito e boletins ao vivo das ruas da capital. Nos horários de congestionamento, a rádio lidera a audiência. Afinal, tem um público cativo fantástico. São 7.012.795 veículos só na capital, dos quais 5.124.568 são automóveis. Admitindo-se a presença de apenas um ouvinte em cada carro…
A prestação de serviços para clientes e não-clientes virou em um fenômeno de audiência e participação. Os ouvintes, transformados em “uma grande comunidade”, trocam informações para melhorar a circulação de veículos pela cidade.
Um dos ouvintes – ao volante – é o jornalista paranaense Sérgio Quintanilha, o velho Quinta, editor da revista Motor Quatro. Antes, trabalhou na Quatro Rodas e editou a revista Carro.
O que ele conta pra gente?
– Ela pertence à Rádio Bandeirantes. A SulAmérica Seguros é o único patrocinador da rádio, que não aceita outros anunciantes.
Nos raros momentos de calmaria (de madrugada), a FM dá uma canja e toca música.
Repórteres motorizados
O mais legal da rádio é que tem vários repórteres andando DE CARRO nos pontos mais críticos da cidade. É a interatividade com os ouvintes. Você pode mandar recado de voz ou de SMS.
Por coincidência, esta semana, na segunda e na terça-feira, estava um caos na Avenida Morumbi, em frente ao Palácio dos Bandeirantes. Levei uma hora e meia para chegar ao trabalho. Mas tive minha primeira participação na rádio na terça. Mandei uma mensagem de voz dizendo que o computador do meu carro indicava 1,5 km/h de velocidade média e eles colocaram no ar.
Do volante ao kart
Outra coisa que eles fazem: um campeonato de kart, chamado Fórmula RST, que tem 10 pilotos-ouvintes e 10 pilotos-radialistas da Sul-América. Daí eles vão contando os pontos das duas equipes e dizendo se são eles ou os ouvintes que estão liderando o campeonato.
Enquanto Curitiba não faz o mesmo, o jeito talvez seja inventar uma nova buzina que, ao ser acionada, não buzina, mas anuncia feito o sistema de som do Maracanã:
– Com licença! Com licença, mais pra frente faça o favor! Com licença, é uma emergência.
Fica a sugestão.
Um PS em nome da notícia
Despacho de última hora:
– A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) faz o monitoramento do trânsito na capital por meio de câmeras instaladas nas principais vias. Em dias terríveis, chega-se a 200 km de congestionamento. Mas rádio faz ainda melhor: ela tem um sistema que capta a velocidade dos carros de cidade inteira por meio de GPS. Assim, eles registram com muito mais precisão a quantidade de congestionamento real da cidade.
Sexta-feira pela manhã, a CET registrava 28 km de congestionamento; já a SulAmérica Trânsito dava 230 km de congestionamento (uma “pequena” diferença de 200 km que as autoridades fazem questão de esconder).
ENQUANTO ISSO…
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