Domingo passado, a Lapa comemorou o Dia do Tropeiro. Com o brilho de sempre: cavalgada, chimarrão, café tropeiro, paçoca de charque, muita dança, música e participação popular.
A mesa-redonda que tratou da importância do tropeirismo para a formação histórica e cultural da Lapa, reunindo professores da rede municipal de ensino e da comunidade, contou com a presença de Carlos Solera, Eleni Vieira e Henrique Paulo Shimidlin, estudiosos do assunto.
Já nos concursos, o de Mais Bela Cuia teve como vencedor Edson Afonso, enquanto Hilan Dlon era escolhido o Piazito Mais Pilchado.
Culpa do nosso anti-herói
Convidados para o evento pelo amigo Carlos Solera, professor Afronsius, Natureza Morta e Beronha não puderam comparecer. Beronha, nosso anti-herói de plantão, não encontrou no galpão a badana (ou baldrana), que vem a ser a manta de couro lavrado que é colocada sobre o arreio, acima do pelego. Além disso, perdeu-se no pasto ao ir buscar o pingo.
– Fica para a próxima festa – conformou-se Natureza Morta.
Atrelado ao tropeirismo
Como se sabe, surgimento da Lapa está atrelado ao do tropeirismo. Relatam os historiadores que, no início do século XVIII, “os Campos Gerais e Curitiba passaram a ser ocupados com a instalação de fazendas para criatórios e invernagem de gado”. Com a abertura do Caminho dos Conventos, em 1733, “estabeleceu-se a passagem de muitas tropas vindas do Sul e várias pessoas se fixaram nestas passagens com o intuito de trabalhar de alguma forma na nova atividade. Com o passar do tempo novas atividades econômicas surgiram no local, como os criatórios de gado lanígero, engenhos de soque de erva mate, produção de milho, feijão e fumo”.
Finalmente, no dia 7 de março de 1872, o povoado foi desmembrado de Curitiba e emancipado como município e cidade com a denominação de Lapa.
Assim eles avançavam
Aproveitando o embalo, professor Afronsius, na garupa das pesquisas do professor Soleira, fez uma breve incursão ao dicionário dos tropeiros:
-Açoiteira: ponta de rédea com a qual o peão açoita o muar.
Apear: descer do animal.
Arção: peça arqueada do arreio.
Tropeiro: dono da tropa e líder da comitiva.
O arribador: encarregado de conter a tropa e trazer de volta um animal desgarrado.
Madrinheiro: viajava na frente, conduzindo a égua madrinha, que era responsável pelo ritmo da caminhada.
Cozinheiro comitiveiro: ia na frente para preparar o fogo e a comida à espera da tropa.
Baio: pelagem do cavalo ou burro que se caracteriza pela cor amarela dos pelos.
Barbela: cordel que prende o chapéu ao queixo.
Barbicacho: embocadura de correia de couro macio, que circunda os dentes incisivos inferiores num espaço chamado barra e a mandíbula dos cavalos e burros.
Berrante: espécie de buzina, feito com um ou mais chifres, acoplados, utilizado para “chamar” a boiada.
Bicheira: ferida dos animais.
Braça: antiga unidade de comprimento equivalente a 2,2 m.
Bragado – animal com manchas brancas na barriga e nas pernas.
Bridão: embocadura para animais constando de duas peças de ferro articuladas, menos enérgico que freio.
Bruaca: meia de couro cru, para transporte de utensílios de uma comitiva.
Cabeçada: peça de couro dos arreios que se passa pela cabeça dos animais, completada pelo freio ou bridão e rédeas.
Canecão: cincerro maior do peitoral da mula que transporta a carga.
Cargueiro: burro ou mula com cangalha, um par de bruacas e utensílios.
Carona – manta de couro que se coloca sob o arreio.
Coxonilho: manta de tecido de algodão ou estopa guarnecida por retalhos de várias cores, que substitui o pelego.
Embornal: saco duplo de pano com alça.
Enervar: esticar o couro com taquara.
Guaiaca: cinto largo de couro, dotado de bolsas para guardar dinheiro, relógio e uma espécie de coldre para arma.
Guampa: chifre trabalhado para servir de copo.
Guasca: tira de couro cru.
Inteiro: burro ou cavalo que não foi castrado.
E aí, no matungo (cavalo velho, manso), Afronsius arriou.
ENQUANTO ISSO…