Ao ler matéria sobre o escritor J. D. Salinger (Jerome David Salinger), na Carta Capital desta semana, texto de Francisco Quintero Pires, de Nova Iorque, Natureza Morta ficou sabendo que uma biografia, um documentário e “alegados inéditos” tentam explicar a literatura do escritor norte-americano. Autor de O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye), romance publicado em 1951.
– Para quem gosta de literatura, recomendo a leitura.
De Proust a Dalton
Como uma a coisa puxa a outra, ficou contente também por um trecho que cita Andrew Barker, crítico de cinema da revista Variety:
– Salinger foi comparado a Howard Hughes. Embora tenham existido e ainda existam escritores prestigiosos, como Emily Dickinson, Marcel Proust, Thomas Pynchon e Dalton Trevisan, que por escolha própria se afastaram da vida pública durante longos períodos, o filme não os menciona, diz o crítico.
Salinger, acentua, “não foi o primeiro a se tornar recluso para exercer o seu ofício, apesar de o documentário fazer essa sugestão”.
Mais: “A noção, expressa pelo documentário, de que Singer teria se escondido por décadas para despertar a curiosidade é ofensiva.
– Há formas mais fáceis de gerar publicidade do que desaparecer do olhar público e parar de publicar por mais de 45 anos.
Salinger morreu em 2010. Seu último conto tinha sido publicado em 1965, pela revista New Yorker. Entre 1942 e 1946, participou da II Guerra Mundial, experiência que marcou sua vida e obra.
De volta aos EUA, passou a colaborar na revista The New Yorker. Em 1948, com Um Dia Perfeito para o Peixe-Banana, voltou a chamar a atenção da crítica e ampliou o sucesso junto ao público.
Ainda o nosso contista
A Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, pinçou um exemplar da revista Radar, que recuperou um raríssimo material sobre Dalton Trevisan publicado originalmente no Jornal da Tarde, em 1968. Na conversa com o também contista Luiz Vilela, alguns comentários de Dalton:
– O escritor é uma pessoa que não merece confiança. Um amigo chega e me conta as maiores dores; eu escuto com atenção, mas estou é recolhendo material para mais um conto. Eu sei disso na hora. Surge então a má consciência. Sei que estou fazendo assim e não desejaria fazer, mas não há outro jeito. É isso que o escritor é: um monstro moral.
– Quando comecei a escrever, eu pensava nisso: changer La vie, como disse Rimbaud. Mas isso esvanesceu logo.
– Tenho pavor de cidade grande.
– Acho que Curitiba é a capital do Brasil onde menos se vendem os meus livros.
– Meu lugar é entre os últimos dos contistas menores.
– Escrever é a única justificativa que encontro para estar vivo. Meus gestos cotidianos são vazios.
– Escrever é uma atividade inútil, mas, para mim, ainda é a menos inútil de todas e a que me faz continuar vivo.
E paramos por aí, antes que o Vampiro de Curitiba fique irritado.
ENQUANTO ISSO…
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