A notícia correu mais rápido do que malandro em noite de batida policial na Vila Piroquinha. Daí proceder o comentário de Stanislaw Ponte Preta, matutou Natureza Morta:
– Malandro que é malandro dorme de botina.
Mas, afinal, do que se trata?
Beronha:
– Carne assada na cerveja.
Segundo nosso anti-herói de plantão, o bar VIP da vila, aquele que ele insiste em dizer que só frequenta muito ocasionalmente, anunciou a nova especialidade da casa, aposentando a carne de onça.
– É, até porque ainda tem gente que, ao ouvir falar carne de onça, trata de ligar para a Secretaria do Meio Ambiente. Antes, denunciava e pedia a presença de fiscais do Ibama.
Coisa de mestre
Golpe de marketing ou pura propaganda enganosa, o fato é que a chegada da carne na cerveja mexeu com os moradores e fregueses.
Natureza lembrou que não é de agora que a propaganda é da alma do negócio.
Recorrendo à seção Achados&Perdidos, revelou para Beronha que, em 1948, a Charles A. Ulmann Propaganda encomendou de Silvan Castelo Neto um jingle que foi o maior sucesso no rádio brasileiro.
Era executado nos prefixos e nas transmissões esportivas:
– Quem gosta de cerveja/Bate o pé, reclama/Quero Brahma, Quero Brahma/Sentindo-lhe o sabor/Sem hesitar proclama: /Esta sim, está pra mim, é Brahma.
Sucesso tão grande que, até hoje, há quem saia do boteco cantarolando “Quem gosta de cerveja, bate o pé e reclama: quero Brahma, quero Brahma”…
Aposta na venda casada
Ainda na linha da Brahma, sem nenhum compromisso, posto que, quando bebia, só aceitava Antarctica de Joinville (e casco escuro), Natureza voltou mais ainda no tempo.
Nos anos 1930 – para ser bem preciso em 1934 –, a cervejaria tinha pedido a Bastos Tigre e Ary Barroso a composição de uma marchinha. Veio “Chopp em Garrafa”, sucesso no Carnaval de 1935 e apontado como o primeiro jingle brasileiro.
– O Brahma Chopp em garrafa/Querido em todo o Brasil/Corre longe, a banca abafa/É igualzinho ao do Barril.
Quando o tempo está abafado/O que o tempo desabafa/É o Brahma Chopp gelado/De barril ou de garrafa/Chopp em garrafa/Tem justa fama/É o mesmo Chopp/Chopp da Brahma.
Desde maio até janeiro/E de fevereiro a abril/Chopp da Brahma é o primeiro/De garrafa ou de barril.
Quem o contrário proclama/diz uma coisa imbecil/inveja do chopp da Brahma/de garrafa ou de barril.
Chopp em garrafa/Tem justa fama/É o mesmo Chopp/Chopp da Brahma.
Tremendo sucesso, até porque na voz de Orlando Silva, o “cantor das multidões”.
Mas, e sempre existe um mas, tinha gente que, depois de umas e outras, acabava trocando as coisas, como contou recentemente o jornalista Luiz Geraldo Mazza:
– Ficava assim:
Chope da Brahma é o primeiro/
em barrafa ou garril…
Quanto à carne na cerveja, cuja receita é carne que tenha uma camada de gordura (contra file, picanha), cebola, cabeças de alho, sal grosso e 1 lata de cerveja, Beronha já tem a sua sentença: será um rotundente fracasso.
– É muita carne, cebola, alho e sal grosso para pouca cerveja…
ENQUANTO ISSO…
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