Registros da época não deixaram por menos: “Foi um espanto! Ninguém tinha visto nada igual: um carro pequenininho, todo esquisito, com a porta abrindo na frente do motorista. O Romi-Isetta andava pelas ruas do Brasil em 1955, o primeiro veículo automotor de fabricação nacional. O Brasil começava a entrar na era do automóvel”.
– E, hoje, o espanto continua. Espanto quando os veículos conseguem se deslocar de um ponto a outro com um mínimo de segurança e rapidez – comentou professor Afronsius, simplesmente atordoado com o que viu e viveu no trânsito de Curitiba, durante a semana, ao dar uma volta (de carona) por alguns bairros.
A tendência é piorar
Pelo que consta, a frota de veículos de Curitiba dobrou nos últimos dez anos, chegando à marca de 1.331.277 unidades.
– Isso é bom ou é ruim? – quis saber Beronha, um pé dois convicto.
– Depende. Para quem gosta de números ou busca palpite para uma fezinha no bicho…
Segundo projeções, a capital deve atingir em 2020 a atual densidade de veículos dos Estados Unidos, simplesmente o país mais motorizado do mundo.
– Isso é bom ou é ruim – insistiu nosso anti-herói de plantão.
Retratos do caos urbano
A nova batalha ganhou um nome charmoso: mobilidade urbana. Soa bonito, mas vai ser uma pedreira. São Paulo passa um fiel retrato do caos: com 7,4 milhões de veículos, se todos eles saíssem às ruas ao mesmo tempo, circulando a 40 km/h, a cidade precisaria de mais do que duplicar os 17 mil quilômetros de ruas que possui.
Mais: se os 5,4 milhões de carros estacionassem um atrás do outro, a fila indiana alcançaria 27 mil quilômetros – três vezes a extensão do litoral brasileiro, conforme as contas foram feitas por um jornal de São Paulo com base em dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).
Enquanto a mobilidade urbana não chega, o jeito é esperar sentado:
– Dentro de casa ou sentado ao volante com o carro na garagem – arrematou Natureza Morta, até porque o espaço de mobilidade urbana aéreo já está quase saturado por helicópteros particulares.
ENQUANTO ISSO…
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