Impressionante a proliferação de caça-níqueis em Curitiba. Apesar da repressão policial, surgem e se multiplicam até em botecos de quinta categoria – quinta categoria? Beronha discorda. Para ele, todos os botecos da vida são VIP. Ou top de linha.
Mas, como é um fiel cumpridor da lei, Natureza Morta não é de freqüentar esses locais. Prefere, ainda, a velha sinuca entre amigos, cercado por um bom papo.
Na literatura
Sobre o jogo de sinuca, Natureza pescou da biblioteca da mansão da Vila Piroquinha um prova do que diz. Trata-se de um livro raro, “Malagueta, Perus e Bacanaço”, de João Antônio, Editora Civilização Brasileira, 1963.
Nele reencontramos “o realismo urbano paulistano com extraordinária vivência pela recuperação de tipos autênticos, pela dramática concepção, valorizada por profundos traços de lirismo da condição humana”, conforme a justificativa no voto para a concessão do Prêmio Fábio Prado de Contos (1961) a João Antônio.
Segundo a apresentação do livro, João é “um estilista extremamente equilibrado, justo na expressão e na forma, a refletir contudo o imenso mundo aculturado da cidade cosmopolita com seus tipos universais e ao mesmo tempo típicos de um meio social influenciado pela experiência da imigração”.
Olho na caçapa
No conto Sinuca, temos a definição do jogo, ouvida de Bola Livre, um vagabundo da Lapa-de-Baixo, segundo o contista: “A mesa é triste, dolorida como uma branca que cai”.
Para quem não é afeto à sinuca, a mesa é o também chamado pano verde. A branca é uma das bolas do jogo.
Sinuca veio do pool, jogo de mesa que surgiu em 1875, na Grã-Bretanha. A ordem é colocar num dos seis buracos da mesa as bolas coloridas em sequência. São coito bolas, com pontuação de 1 (vermelha) a 7 (preta), mais a bola branca. A bola branca é utilizada para impulsionar as outras.
– Daí o cuidado que o sujeito deve ter ao tratar com a bola branca. Qualquer mancada, está morto.
ENQUANTO ISSO…