O sempre desconcertante Beronha chegou em marcha batida para o dedo de prosa com Natureza Morta e o professor Afronsius. Feliz da vida. E com duas perguntas:
– Onde encontro uma banquinha que venda o tal de New York Times? E onde encontro alguém que me faça a tradução?
Diante do espanto, explicou: leu num site uma matéria extraída do jornal americano, “algo famplástico”, segundo ele: “Nos negócios, não beber pode ter um custo alto”.
– Quero a notícia em inglês. Em inglês tem mais peso – justificou o nosso anti-herói de plantão.
Pesquisas mentem?
Segundo a matéria, “pesquisas apoiam a ideia de que os que não bebem têm dificuldades para subir na hierarquia corporativa e de se enturmar, além de ganhar menos dinheiro que beberrões”.
Exemplo: um executivo de vendas de anúncios da revista Forbes, um certo Terry Lavin, que trabalhou duro para ganhar sua reputação de “companheiro de bebida confiável”.
“Era como se eu tivesse alugado um espaço no P.J. Clarke’s, disse, se referindo ao bar de Midtown Manhattan. Sempre fui o último a sair, sempre com um coquetel na mão”.
Mas o distinto cavalheiro, em 2010, tinha decidido parar de beber. A saúde melhorou. Já os negócios, despencaram.
Terry Lavin contou que “ligava para camaradas com quem tinha amizade, camaradas que tinham nas mãos grandes orçamentos para anúncios, a fim de ver se queriam sair para um happy hour ou comer alguma coisa, e eles me respondiam: Está bebendo? Não? Então esquece”.
Exemplos presidenciais
O NYT cita Barack Obama em campanha presidencial. “Como parte de sua estratégia para convencer os eleitores de que Mitt Romney, um mórmon abstinente, é diferente da maioria dos americanos, Obama tem feito uma exibição notável de que aprecia cerveja como as pessoas comuns”.
Em agosto, em Iowa, contou que, certa feita, tinha ido à Feira Estadual e havia costeleta com cerveja. “E a cerveja estava boa. Só tomei cerveja. Não comi costeleta. Mas a cerveja estava boa. A multidão retribuiu gritando em coro: Mais quatro cervejas!”.
Outros casos de peso
Beber não é um assunto novo entre os políticos, diz o jornal. – Seria preciso? – interveio Natureza, que, de imediato, calou o bico. Continuando: “Edward Kennedy se queixou da falta de álcool na Casa Branca de Jimmy Carter enquanto se preparava para desafiar o presidente nas prévias de 1980. E isto se tornou um truísmo nas pesquisas nos últimos anos: os eleitores escolhem o candidato com quem beberiam uma cerveja (o mais recente presidente que não bebe a assumir a Casa Branca, George W. Bush, pelo menos se assegurou de ser ocasionalmente fotografado segurando uma cerveja sem álcool)”.
Ajudando o desempenho industrial
Vai daí que Beronha garante estar no caminho certo para pleno sucesso no trabalho. – Tomo minha cerveja e não nego. Só falta agora arrumar um bom cargo. Poucas horas de batente e salário alto. Não precisa ser salário de deputado. Serve de vereador. E, para reforçar e comprovar a sua tese sobre a cerveja, sacou do bolso um recorte de jornal: – A produção industrial brasileira avançou em nove dos 14 locais pesquisados no mês de agosto ante o mês de julho, segundo o insuspeito Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
ENQUANTO ISSO…