Dia desses, arriscando-se a um giro pelo centro de Curitiba, professor Afronsius deu uma pausa na caminhada. No cruzamento de uma via rápida, aguarda o sinal verde para pedestre. E para a turma que atravessa a faixa em sentido diagonal. E eis que, olhando para o outro lado da rua, depara-se com uma figura estranhíssima.
– Sujeito alto, uns 2 metros de altura, cara de poucos amigos. Paradão. Detalhe: vestia um roupão azul, daqueles felpudos, pesadões. Estranho, muito estranho.
Natureza Morta e Beronha querem saber o que aconteceu.
– Teve gente, ao meu lado, que fez meia volta e sumiu. Aliás, todo mundo. Só fiquei eu…
– E aí?
– Seja lá quem ou o que for, vou encarar – pensei com o meu suspensório. Afinal, viver é perigoso.
Sinal verde, momento de decisão. Professor Afronsius avança, o do roupão azul também. E vem firme em sua direção. Mete a mão no bolso.
– E aí?
– Sacou um folheto. “Não perca! Somente hoje GRANDE LIQUIDAÇÃO DE ROUPÕES. Loja Valu”…
Passado o susto, notou que o panfleteiro, quando muito, teria conseguido entregar um ou dois panfletos da cota. “Quis enfeitar o pavão, deu-se mal”.
Do peso ao pedestre canino
Ainda sobre coisas estranhas, sem muito sentido, Natureza contou alguns lances em que se viu como vítima. Ao visitar um grupo de vigilantes do peso, topou com um cartaz afixado na porta:
– Fechado para almoço.
Sem falar do pet shop que, na guia rebaixada, colocou um aviso:
– Área restrita para pedestres caninos.
Já na Vila Piroquinha, encontrou a banquinha de revistas do Zenóbio fechada. Com um aviso: “Volto logo. Fui pescar”.
De outra feita, ao pegar um táxi, o motorista quis saber o destino, qual a rua. Ao ser informado, voltou a indagar:
– Mas em qual cidade?
Outro registro. A TV anuncia no noticiário que, segundo o IBGE, quem estuda mais ganha mais.
Alguém, umbigado no balcão, comenta:
– De fato. Vou estudar inglês e francês para ser um tacógrafo e ficar rico na profissão.
Ainda dos umbigados ou que tentam se umbigar no balcão do Bar VIP da Vila Piroquinha. Chega o cidadão. Diálogo:
– Tem Budweiser?
– Não. Só Skol, Brahma e Antarctica.
– Me dá uma Budweiser.
O 4 portas bem protegido
Beronha, por sua vez, contou que, perto de sua casa, existe um mercadinho. Com um segurança estilo guarda-roupa 4 portas. Deve estar indo muito bem na profissão, posto que vai trabalhar diariamente com seu próprio carro. O veículo não é de ano muito recente, mas apresenta bom estado. No vidro traseiro, estampa, bem grande, uma mensagem que, de certa forma, depõe contra os predicados e qualidades do nosso segurança guarda-roupa 4 portas:
– Dirigido por mim, protegido por Deus.
ENQUANTO ISSO…