Dar nome para alguém ou alguma coisa nem sempre é fácil. Principalmente quando se trata de algo há muito desejado. Eis o drama atual do professor Afronsius: comprou um barco de médio porte, ou calado, e agora, depois de suar para pagar a conta, queima as pestanas quanto ao batismo.
– Já andei fazendo pesquisas e consultas. Mas continuo em dúvida.
Em busca do supimpa
Natureza Morta concordou, até porque existe o supimpa e o mais ou menos. Recorreu a alguns exemplos. Entre os supimpas, temos Santa Gula, restaurante.
– Já Santa Bula, farmácia, nem tanto.
Outro exemplo de supimpa: Lava a Roupa Todo Dia, uma lavanderia, ou ainda Auto Padrão – lava car.
Beronha entrou no jogo. Para ele, há nomes legais em todas as áreas e ramos de atividade. Citou:
– Cemitério dos Azulejos. E só chegar, desencavar e sair satisfeito com uma peça de museu, já fora de mercado.
Tem ainda Zona Franca – whiskey e bijuteria…
– Regular do meio, segundo nosso anti-herói de plantão.
Quanto ao barco do professor Afronsius, sugeriu que buscasse inspiração em terra, catando nomes de edifícios.
– Suindara, por exemplo.
– É bonito, mas não ficaria bem num barco. Nada apropriado. Suindara é um tipo de coruja, que faz morada em sótão, torre de igreja ou ocos de árvores .
No caso, melhor seria Cozumel. Uma ilha do Caribe, a ilha das andorinhas.
Mais palpites do Benhora:
– Aqualung. Não? Aguarrás. Não? Que tal Água-tônica? Ou melhor, Náutilus, Escafandro, Aqua Velva, Borrasca, Maremoto ou Água Boricada?
Há quem tenha sugerido Santa Maria, Pinta ou Nina, mas o professor Afronsius fez cara feia.
– Já teve dono. Estou propenso a adotar Rosa dos Ventos. Nome de uma coluna, que, aliás, eu leio toda a semana.
– Sextante não cairia melhor? – interveio Beronha, achando-se muito inspirado em termos náuticos.
– Se barco já tenho, continuo em terra e à deriva – encerrou o vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, sentindo-se mais ou menos o Vasco Moscoso de Aragão, o capitão de longo curso de Jorge Amado em “Os Velhos Marinheiros”.
ENQUANTO ISSO…
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