– Ué, já liberaram o palavrão aqui no pedaço?
Recheada de espanto, a reação partiu do Beronha, desconcertado com o que ouviu na conversa do professor Afronsius com Natureza Morta.
– Caganifância.
A dupla, ou parelha, como costuma dizer nosso anti-herói de plantão, tratou de explicar que não se tratava de palavrão. Ou nome feio, embora soasse como tal.
De Davos à Vila Piroquinha
A origem da pendenga: artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo, na coluna Contracorrente, CartaCapital, sobre o Fórum Econômico realizado em Davos e “o pessimismo dos ricos”. Lá pelas tantas, ao criticar “a precariedade histórica e analítica que se apoderou do debate contemporâneo sobre as origens da crise”, debate sempre inchado de “sábios de duas frases e cinco palavras”, dispara: – Ao simplificar os problemas, o “espírito do tempo” massacra “a inteligência alheia com caganifâncias e vulgaridades”. O professor Afronsius e Natureza, admitindo total ignorância, acorreram ao dicionário do mestre Aurélio, depois de breve diálogo: – Nunca tinha visto ou ouvido tal palavra. – Nem eu no “Enriqueça o seu vocabulário”. – Neologismo? – Sei não… No velho Aurélio, a resposta: Caganifância – S. f. Coisa insignificante, bagatela. Passado o susto, Beronha não deixou por menos: – Não mais venham vocês tentar erodir a minha cuca…
ENQUANTO ISSO…