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Frio real, seja virtual

Retornando de (mais um) périplo que incluiu a Grécia, o doutor Albino Biacchi, amigo do professor Afronsius, embarcou ontem no Rio e, algum tempo depois, já se sentiu em casa quando o comandante informou o início da operação para a aterrissagem:
– Em Curitiba, tempo bom. Temperatura de 3,9°C.
– Ú, ú, ú, ú… – deixaram escapar alguns passageiros, de modo uníssono.

De dar “susto” em sensor

Em terra, ao amanhecer, na estrada a caminho de Joinville, um outro amigo, o Elias Abram, dirigia sua possante e bem equipada caminhonete em meio à névoa quando levou um susto: bip! O sensor soltara um aviso inesperado, já que não se tratava de início de chuva:
– Gelo na pista.
Gelo? Pela primeira vez, em solo brasileiro, tinha vivido tal experiência. Os dois casos levaram Natureza Morta, o professor Afronsius e Beronha a comentar o que mais se comenta na Vila Piroquinha nas últimas semanas: o frio.
Natureza, inclusive, foi levado a descobrir a existência da lareira virtual. O fogo e o crepitar são de mentirinha, é claro, mas a coisa, garantem, funciona. É o velho aquecedor elétrico por trás de uma imagem. Diz a propaganda que é “aconchegante, não importa onde você estiver, no trabalho, no restaurante ou em casa”. A conferir.
Com controle remoto, acende e apaga – sem cinza, chaminé, fumaça e outros inconvenientes. Como a clássica ordem da patroa: “Vai buscar mais lenha lá fora, seu banana!”
Beronha, nosso anti-herói de plantão, demonstrou interesse, não propriamente pela lareira:
– Será que existe também harém virtual?

Sugestões para a indústria

Aproveitando o gancho de Beronha, Natureza e o professor Afronsius listaram alguns produtos e utensílios virtuais, para enfrentar o frio curitibano:
– Fogueira de São João. Mas com quentão real.
– Surra virtual, pro cabôco ir dormir com o lombo quente.
– Conhaque totalmente virtual. Esquenta, mas não dá ressaca.
– Banheiro virtual. Sem comentários, por razões óbvias, de ordem pessoal, ou, íntimas.
– Chuveiro virtual, com água idem.
– Cachorro São Bernardo, com aquela barriguinha de bebida no pescoço. Para fazer companhia a todo momento e local.
– Banho de canequinha, igualmente virtual.
E, suprema glória, saída de emergência virtual: você sai da cama, confere a temperatura, abre a porta e, excelente, se depara com uma das praias de Natal, Rio Grande do Norte, em pleno verão. Ao lado do Morro do Careca, de preferência.
São conquistas e avanços ainda distantes, é claro. Mesmo assim, já que gostaria de ser o Tocha Humana, o dos quadrinhos, Beronha botou água na fogueira e encerrou sua participação no dedo de prosa. Sentenciando:
– O problema, na verdade, não é tomar banho. É tirar a roupa.
E, ao bater em retirada, ouviu a pergunta de Natureza, se iria curtir o tempo fazendo um passeio na parte superior do ônibus da Linha Turismo.
– Na parte superior? Nem de grátis

ENQUANTO ISSO…


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