Depois de longos e tenebrosos invernos, o guarda-chuva do professor Afronsius deu o prego, ou pediu água. Comprar outro não seria problema, há lojas a dar com o pé, sem falar dos vendedores ambulantes, é claro, mas estes só aparecem quando está chovendo a cântaros. Ou chovendo a píncaros, como prefere Beronha. Mas aí ocorre que eles, os mascates essencialmente urbanos, concentram-se diante das portas de saída dos shoppings.
Assim, problema mesmo foi escolher o que, segundo o Aurélio, é substantivo masculino (guardar + chuva.) – armação de varetas móveis, coberta de pano ou de outro material, para resguardar da chuva ou do sol.
– Escolher um bem baratinho? – interveio Natureza Morta.
– Não. Pinçar um entre dezenas e dezenas de modelos. Aquele antigo, que até lembrava Mary Poppins…
O guarda-chuva “careca”
O leque de ofertas é amplo, geral e irrestrito: há guarda-chuvas ditos diferentes, os guarda-chuvas personalizados, guarda-chuvas brindes, promocionais e guarda-chuvas importados. E até um tal de guarda-chuva Leve Curitiba, mais o guarda-chuva petit-pavet.
Inclusive, o comércio aguarda a chegada do guarda-chuva sem armação. Apenas uma espécie de bengala. Em 2013, anunciaram o dito cujo, que vem (ou viria) desprovido da parte superior. Mas protegeria 100% o cabôco. Coisa de designers, um certo Je Sung Park e um tal de Woo Jung Kwon. Um dispositivo eletrônico, instalado no pau de sebo, ou mastro de jangada, absorveria o ar da parte inferior e o remeteria para o topo. Aí, a cortina de ar se transformaria numa espécie de barreira contra a água. Ou seja, um guarda-chuva à base do bombeamento de ar.
Ao dar a notícia, na época, a BBII – Briosa, Brava e Indormida Imprensa – não resistiu ao jogo de palavras:
– Sem sombra de dúvida, é uma invenção…
Que falta faz um alarme
Para encerrar a conversa, uma vez que nuvens curitibanas esboçavam mais uma chuvarada, professor Afronsius lamentou não ter encontrado simplesmente um guarda-chuva, aquele com o prosaico cabo que parece um anzol. Só havia guarda-chuvas de cabo reto.
– Chato para carregar, pesadão, chato para deixar encostado junto à perna da mesa do boteco… Do guarda-chuva tradicional só restou uma coisa: é fácil de esquecer. Por que ainda não inventaram um guarda-chuva com alarme sonoro e pisca-pisca para casos de perda iminente? Mereceria um prêmio Nobel.
E o amigo Tainha iria agradecer.
ENQUANTO ISSO…