O perigo mora ao lado. Era o que se dizia antigamente. Hoje, no admirável mundo novo e cada vez mais impactante, ele não só mora ao lado como, de inopino, surge de todos os lados. A queixa é do professor Afronsius.
– Depois de quase ser levado à lona por um skatista, que circulava bem longe de um skatepark, eis que escapei de ser destroçado por uma bicicleta.
– Tão sério assim, já que se tratava de uma prosaica bicicleta?
– A bicicleta, sim, ocorre que era utilizada para a entrega de água mineral. Mais precisamente 4 garrafões de 20 litros, no bagageiro da frente. Vinha no sentido contrário da nossa rampa da Consolação, ou seja, descendo ladeira abaixo.
– Não sou bom na matéria, mas imagino a velocidade e o peso em função da lei da gravidade… Equivaleria, grosso modo, a uma tombeira – ponderou Natureza Morta.
– E pior. Vinha em desabalada carreira na contramão… Passou raspando, tirando tinta. Do meu sapato. Mas chego a admitir que fui o culpado. Só olhei para a minha esquerda, a mão para quem subia. Não imaginei alguém descendo por onde se sobe, feito uma bala, e junto ao meio-fio…
Beronha:
– Pior seria com um triciclo, que transporta 12 garrafões de 20 litros…
Trabalhadores do pedal
Como os chamados trabalhadores do pedal continuam em alta, principalmente na entrega de água e até de pizza, o jeito é colocar as barbas de molho ao atravessar a rua. Qualquer uma.
– Como os skatistas, nem todos seguem as normas de trânsito.
E, a propósito do crescente consumo de água mineral em casa, Natureza aproveitou para citar um filme que tornou famoso um aguadeiro: Gunga Din, 1939, dirigido por George Stevens, com Cary Grant, Douglas Fairbanks Jr., Victor McLaglen e Sam Jaff, como Gunga Din. São soldados britânicos que, na Índia, enfrentam um grupo de rebeldes, os Thugs.
Na retaguarda, temos Gunga Din, o bravo e leal carregador de água que tem um sonho: tornar-se soldado. Já que numa longa batalha a água é tão importante como a munição, acaba por provar o seu valor, sem disparar um tiro.
ENQUANTO ISSO…
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