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Há algo no ar além dos drones

Como viver é assaz perigoso e o lava-pés da piscina nunca está para peixe, o presidente Obama – o Oba, segundo Beronha – tem, entre outras abobrinhas para descascar – isso mesmo, abobrinhas – já que ele não é de uma dita república de bananeiras e outras frutas – a questão dos drones.
– É o inexorável avanço do complexo industrial-militar – sapecou o professor Afronsius. Quem ousará deter ou mantê-lo, o complexo, sobre rigoroso controle?

Drones em ação. Sai debaixo

Vai daí que, no nada belicoso dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, Natureza Morta decidiu apertar o botão vermelho da incansável e indormida Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, colocando em tela uma matéria recentemente publicada na Carta Capital: “Armas autônomas reforçam debate ético na guerra”.
Produzida pela Deutsche Welle, mostra que “aviões não tripulados e robôs substituem cada vez mais soldados no campo de batalha, tendência vista com preocupação por especialistas e políticos”.
Tanto que a primeira decolagem de um drone de um porta-aviões foi considerada pela Marinha americana como um marco, “um novo passo no uso de aeronaves e outras armas de guerra cada vez mais autônomas”. Aliás, já chega a 70 o número de países que utilizam os aviões não tripulados capazes de explorar áreas, procurar alvos e, se necessário, atingi-los. A decisão final caberia ainda, no entanto, ao controlador humano, o que, convenhamos, não significa muito.

O exterminador de hoje

Ainda pela reportagem, do ponto de vista militar “o passo em direção a soldados mecânicos é lógico: robôs comandados remotamente não se cansam e podem executar manobras mais arriscadas do que pilotos humanos, que estão expostos, além disso, à ameaça de serem derrubados”.
Para evitar uma nova fase da corrida armamentista, organizações internacionais lançaram a campanha Stop killer robots (parem com os robôs assassinos). A campanha defende a proibição preventiva do desenvolvimento, da produção e da implantação de robôs de combate.

A dinâmica armamentista

A política do Partido Verde alemão Agnieszka Brugger também se engaja por uma proibição de sistemas autônomos de armamentos: “Não deveríamos seguir cegamente essa dinâmica armamentista, em vez disso, deveríamos nos preocupar em tornar mais expostos os riscos dessa tecnologia.”
Até porque, “de acordo com as possibilidades tecnológicas atuais, robôs de combate não conseguem distinguir entre combatentes e civis, assim, eles também não são capazes de respeitar o direito internacional numa missão de combate. A separação entre soldado e ação de combate também poderia diminuir a barreira psicológica dos tomadores de decisão com vista à violência militar”.
Professor Afronsius:
– Teremos, então, o fim, não das guerras – localizadas ou não -, mas o fim dos crimes de guerra, pela inimputabilidade de uma máquina mortífera? E as normas da Convenção de Genebra, serão atropeladas? Não dá para esquecer a batalha de Solferino…
Assustado com a leitura do texto e os comentários abalizados, como diziam os locutores esportivos pré/pré/drones, Beronha, nosso anti-herói de plantão, acenou a bandeira branca (espero que a Cruz Vermelha esteja presente):
– Como não sou um drone, não votei no Oba e não conheço Genebra muito menos Solferino, baterei em retirada.
E se mandou rumo a sua casamata, o Bar VIP da Vila Piroquinha. Lá, quem atende ainda não são drones. Nem aéreos nem terrestres.

ENQUANTO ISSO…


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