Depois de Barça oito Santão zero, o que se poderia dizer? Amistoso, jogo à brinca? Baralho marcado? Qualquer que fosse a resposta, bateria na trave. O que se viu foi um time (extremamente) superior ao outro. O placar, mesmo no caso de 1 x 0, continuaria sendo o espelho puro e simples de quem foi melhor em campo. Ponto.
Mas, prevendo uma enxurrada de desculpas com base em justificativas das mais mirabolantes possíveis, Natureza Morta, conversando com o professor Afronsius, tratou de colocar em campo o eufemismo – ou eufemismos. A arte de mascarar as coisas.
Dá na mesma
É que, ao ler notícia sobre o fechamento de algumas revistas e sites, com sede em São Paulo, topou com a explicação oficial: eles não foram fechados, pura e simplesmente, mas (sic) descontinuados. Professor Afronsius, cofiando o bigode, lamentou. Não propriamente pelos produtos, mas pela demissão de profissionais, redução do mercado de trabalho e, é claro, pela a esfarrapada explicação. Esfarrapada, mas modernosa. Ou menos impactante.
Ainda sobre o não mais continuado, Natureza Morta puxou pela memória. Algum tempo atrás, demissão já tinha virado, sob o guarda-chuva do eufemismo, contenção de despesas, racionalização de custos (na área de pessoal). E, mais eufemisticamente ainda, nos comunicados (internos) de dispensa, tínhamos o hilariante, se não fosse trágico, motivo da demissão: fulano de tal “aceitou novos desafios profissionais”.
Dá na mesma-II
Ainda sobre a arte de dourar a pílula, Natureza recorreu ao dicionário, o Míni Aurélio que carrega no bolso (posto que o Aurelião permanece ancorado em casa):
– Eufemismo: substantivo masculino. Ato de suavizar a expressão de uma ideia substituindo a palavra apropriada por outra mais cortês.
Só que, e não raras vezes, cortesia na sopa dos outros é pimenta malagueta.
Tanto a moda do eufemismo pegou que ladrão passou a refutar a alcunha de punguista:
– Sou amigo do alheio, descuidista, como prefiro.
Já um conhecido de Beronha também dissimulou. Na época do cobrador de vermelho, aquele mesmo, o que ficava plantado em frente à casa do mau pagador, chamando principalmente a atenção da vizinhança, tratou de se justificar no bairro:
– Eu, caloteiro? Não, inadimplente contumaz…
Por sua vez, Beronha, nosso anti-herói de plantão, justifica sua total aversão ao trabalho, desde que se conheceu por gente, apelando à genética e escudando-se numa palavra:
– Inapetência.
ENQUANTO ISSO…
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