Rir é o melhor remédio. Pelo menos era o que se dizia. Ainda é? Há uma dúvida razoável. De qualquer modo, como lembra professor Afronsius, “não são poucos os que garantem: sem o embalo das piadas, o homem ainda estaria rastejando e praguejando pelas cavernas. E, felizmente, não há regime que sufoque o fluxo de uma boa anedota”. E citou como prova o livro Foi-se o Martelo – A história do comunismo contada em piadas, de Ben Lewis, lançado pela Record em maio do ano passado.
Stalin, inclusive ele, recorreu ao humor (de sua lavra) para tentar popularizar o regime. Depois, viu-se forçado a despachar para a Sibéria quem fazia piadas. Piadas contra ele e o regime. Segundo o livro, em 1953, quando o bigodudo bateu as botas, havia 2,5 milhões de presos no Gulag – quase 200 mil por contarem piadas. Que agradaram alguns – e desagradaram a Casa Grande, lá, deles.
Duas piadas, reproduzidas no livro. Uma, que circulou em 1962, não perdoa Nikita Kruschev, apontado como um falastrão:
– É possível embrulhar um elefante com um jornal?
– Sim, se o jornal trouxer um discurso de Kruschev.
A outra: na corrida espacial, acelerada pela descida dos norte-americanos na Lua, em 1969, Leonid Brejnev convoca todos os astronautas da União Soviética e anuncia ter um plano para ultrapassar os EUA:
– Camaradas, vocês vão pisar no Sol.
– Mas, camarada Brejnev, nós vamos pegar fogo!
– Você acha que eu sou bobo? Vocês vão pousar à noite!
Apelido de caserna
A propósito de rir da própria desgraça, como um lenitivo para as agruras do momento, professor Afronsius recordou alguns lances do tempo da ditadura civil militar de 64. Desfile de 7 de setembro, eis que surge à frente de uma tropa o general Milton Cruz. Montado num cavalo branco. No palanque oficial, nem o general Figueiredo resistiu, revelando inclusive o apelido do temido militar:
– Olha o Mimi! Ele pensa que é Napoleão…
Quem foi o autor?
Tem ainda o caso de Guernica, de Pablo Picasso. Bombardeada pelos nazistas em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, Picasso produziu o quadro desolador da pequena cidade arrasada, que servira de teste para os bombardeiros alemães. Alemães já se antecipando ao que seria a II Guerra Mundial.
Conta-se que, já na Paris ocupada, um oficial nazista, diante do grande mural, grande em todos os sentidos, quis saber de um funcionário do museu:
– Foi você quem fez isso?
– Não, foram vocês.
Nada a acrescentar.
ENQUANTO ISSO…
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