– Boa tarde! Onde compro foguetes e outros fogos de artifício?
– Não sei não, moço. É melhor você perguntar ali, no Posto Ipi… Ih! Não temos aqui o tal posto. (Breve pausa) O jeito é ir ao Bar VIP. Lá tem de tudo – e eles sabem de tudo. De fissão nuclear até física quântica, prospecção de petróleo em mar aberto e palpite pro bicho…
– Obrigado.
– De nada. Boa sorte…
O diálogo, segundo Natureza Morta, ocorreu na manhã de terça-feira, lá pelas 10 horas. Os personagens: um carioca recém-desembarcado na Vila Piroquinha, mas já apelidado Boca de Lajota, e Beronha, nosso anti-herói de plantão.
Motivo para festejar
Sobre o bate-papo, a explicação: Boca de Lajota vem a ser um carioca que sonhava virar Boca de Ouro (aquele mesmo, o Jece Valadão, no filme de Nelson Pereira dos Santos, 1963, com roteiro baseado em peça de Nelson Rodrigues), mas faltou-lhe cacife (ou cafife, como prefere Beronha) para tanto. Daí a lajota como quebra-galho. Estava feliz da vida, o tal de Boca.
– Desde que cheguei a Curitiba, há uma semana, só topei com frio, chuva e ventania. Hoje, com o Sol a pino, não me senti em Ipanema, mas voltei a transpirar. Até molhei a testa com alguns pingos de suor, depois de ir do hotel até o Museu do Olho. A pé…
Não seria para menos. Estava ele, o Boca de Lajota, hibernado num casacão, ceroulas (duas), meia de lã, calça idem, manta tamanho toalha de banho e boné de caçador de focas. No Ártico. Sapatos forrados com jornal velho:
– Aliás, esse iiisquema do jornal eu nunca tinha imaginado…
O foguetório seria para comemorar duas coisas: a volta do calor, do Sol em céu azul – e por ter sobrevivido. Ele, o Boca.
Exageros cariocas à parte, também tinha cabôco feliz da vida, incentivando o foguetório para São Pedro e o deus Rá.
– Pensei que nunca mais teríamos 22 graus em Curitiba. Só 51, a 51 – encerrou Natureza. Sempre de olho nas nuvens em evolução.
ENQUANTO ISSO…